Petrobras dá um passo para longe do setor sucroalcooleiro

  • 20/04/2015
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No que depender da Petrobras, a participação do álcool na matriz energética brasileira vai cair ainda mais. A companhia vai decretar uma espécie de moratória sucroalcooleira, fechando as torneiras para os investimentos no setor. A primeira a receber o impacto da decisão será a Tereos, sócia da estatal na Açúcar Guarani. Os franceses podem esperar sentados pelo Godot da Avenida Chile. A Petrobras não pretende sequer efetuar o último dos cinco aportes anuais de R$ 300 milhões na Guarani, referentes a  compra de 46% da empresa – negócio selado em 2010. O prazo limite para o desembolso é outubro. Mas, desde já, a estatal busca mecanismos para se livrar da quitação da derradeira parcela e se desfazer da sua participação na sucroalcooleira antes mesmo dessa data. Ressalte- se que a associação com a Tereos foi a maior operação feita pela Petrobras Biocombustíveis. Ao todo, a petroleira já injetou mais de R$ 1,2 bilhão na Guarani. O desembarque da Petrobras no capital da Açúcar Guarani remete ao segundo mandato de Lula, quando a estatal e o próprio BNDES entraram em campo para fomentar a indústria sucroalcooleira nacional: a petroleira, com a compra de participações em usinas; o banco, com uma farta temporada de empréstimos ao setor. A joint venture com o Grupo São Martinho, que deu origem a  Nova Fronteira Bioenergia, também data dessa época – a operação foi fechada em junho de 2010. Aliás, o ramo da família Ometto que controla a São Martinho já pode ir se acostumando com a ideia de olhar para o lado e não enxergar a Petrobras. O meia-volta, volver da Petrobras se dá justo no momento em que o governo faz um novo movimento para aumentar as vendas de etanol e aliviar o garrote que aperta as usinas sucroalcooleiras. Em março, o índice de álcool misturado a gasolina passou de 25% para 27%. A medida tem a melhor das intenções: proteger uma indústria que fechou mais de 60 mil postos de trabalho nos últimos dois anos. A Petrobras, no entanto, está fora desse mutirão pró-etanol. Neste momento, não há nada mais anacrônico e deslocado na carteira de ativos da estatal do que os penduricalhos societários no setor. Até porque essa é uma área que só deu prejuízo a  companhia. A própria Guarani, por exemplo, acumula perdas de R$ 140 milhões nos últimos anos. A esse desencaixe estratégico soma-se também a necessidade da companhia de vender participações para fechar as feridas financeiras abertas pelo “petrolão”.

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