Nova Cimangola já chega ao Brasil com o concreto armado

  • 20/03/2015
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Dona de uma das maiores fortunas da africa e de uma extensa lista de controversos negócios, a empresária angolana Isabel dos Santos ensaia seu primeiro grande investimento no Brasil. Ao desembarcar, deverá pisar com seu scarpin da grife Roberto Cavalli – de quem chegou a ser sócia em uma boutique em Luanda – numa pista de cimento fresco. Os planos de Isabel para o lado de cá do Atlântico passam pela Nova Cimangola, uma das maiores cimenteiras da africa. A companhia é forte candidata a  compra de ativos no Brasil. Não poderia haver momento mais oportuno para a investida. Os angolanos vão deitar e rolar com a depreciação das empresas do setor, por causa do câmbio e da retração na construção civil. As atenções da Nova Cimangola estão especialmente voltadas para as fábricas que os cinco maiores players do setor, condenados por formação de cartel, terão de vender para atender a  determinação do Cade. No total, Votorantim, Camargo Corrêa, Holcim, Cimpor e João Santos serão obrigados a se desfazer de até 20% da sua capacidade instalada. Como se vê, são muitas as estradas a  disposição dos angolanos – os cinco maiores fabricantes do país terão de oferecer ao mercado o equivalente a quase 20 milhões de toneladas em produção. Ainda assim, não obstante as múltiplas opções, os caminhos da Nova Cimangola no Brasil parecem apontar para uma só direção: a Camargo Corrêa. Em uma eventual bolsa de apostas, a negociação com a construtora seria considerada pule de dez. A companhia brasileira tem ótimo trânsito junto ao governo de Angola, o que, na prática, significa dizer um homem só: o todo-poderoso José Eduardo dos Santos, pai de Isabel e presidente do país africano há mais de três décadas e meia. Nos últimos anos, a Camargo Corrêa atuou em importantes projetos de infraestrutura em terras angolanas, como a reconstrução da rodovia Lubango- Benguela e a implantação da linha de transmissão entre as cidades de Uíge e Maquela do Zombo. Reza a lenda que, para fechar alguns destes contratos, a Camargo Corrêa contou com os valiosos serviços de consultoria de José Dirceu. Este, não por acaso, mantém boas relações com a própria Isabel dos Santos, praticamente uma condição sine qua non para fazer negócios naquele país. Difícil encontrar um setor da economia em que a empresária não esteja presente. Além da Nova Cimangola, uma sociedade com o próprio governo, o naipe de empresas controladas por Isabel vai de bancos a postos de gasolina, passando pela área de telefonia, pela construção civil e por uma ampla rede de veículos de comunicação. Esta morena d’angola não leva um chocalho amarrado na canela, mas, sim, um patrimônio pessoal avaliado em mais de US$ 2 bilhões.

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