Os maus ventos da Impsa sopram na direção de Furnas

  • 19/02/2015
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Flavio Decat flertou com a Cemig, esteve perto da Eletrobras e, por alguns instantes, chegou até mesmo a sonhar com o Ministério de Minas e Energia. Pelo jeito, no entanto, terá de se contentar em seguir na presidência de Furnas. E, logo na partida do seu “segundo mandato”, precisará desarmar o curto-circuito que atingiu o maior investimento da estatal na área de geração eólica. O fio desencapado em questão são os dois contratos com a Wind Power Energia (WPE), leia-se o moribundo grupo argentino Impsa, para a compra de aerogeradores, no valor de US$ 750 milhões. Em recuperação judicial desde dezembro, a WPE não se compromete mais a entregar os equipamentos até o fim deste ano, como prevê o contrato. A empresa foi duramente afetada pela crise financeira da Impsa. A WPE colocou ativos a  venda e está promovendo drásticos cortes na fábrica de aerogeradores de Suape (PE). Em pouco mais de dois meses, um quarto dos funcionários foi demitido. Segundo fontes ligadas a Furnas, nas últimas semanas Flavio Decat teve duas tensas reuniões com representantes da WPE. A empresa reafirmou que as possibilidades de entregar os aerogeradores dentro do prazo são cada vez mais reduzidas. Além de comprometer o cronograma de instalação dos parques eólicos do Rio Grande do Norte e do Ceará – ambos resultados de parcerias entre Furnas e investidores privados -, o atraso deverá trazer um considerável prejuízo financeiro para a estatal. Parte da energia futura das usinas eólicas já está contratada. Se Furnas não começar a entregar o insumo na data acordada, janeiro de 2016, terá de pagar pesadas multas. Formalmente, a estatal diz que “está envidando todos os esforços para que a WPE cumpra os prazos”. O RR também fez contato com a empresa argentina, mas não obteve retorno. Furnas está entre a cruz e a caldeirinha. Em condições normais de temperatura e pressão, a solução mais plausível seria a transferência da encomenda para outro fabricante, o cancelamento do contrato e uma ação contra a WPE na Justiça, exigindo uma indenização pelas perdas decorrentes do atraso na entrega de energia. Mas, na atual circunstância, de quem a estatal vai cobrar? A Impsa está se esfarelando e a WPE vai pelo mesmo caminho, com um passivo total da ordem de R$ 2,5 bilhões.

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