Armínio dobra seu ativo intangível na Fazenda

  • 13/06/2014
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 A candidatura de Armínio Fraga a ministro da Fazenda de um virtual governo Aécio Neves parece inspirada no desabafo do coronel Jarbas Passarinho na reunião ministerial que sancionou a promulgação do Ato Institucional nº 5. Na ocasião, para que não ficassem dúvidas sobre a radicalidade amoral da sua convicção, Passarinho bradou a todos os presentes que estava mandando seus escrúpulos a s favas. Armínio não vai mandar nada a s favas, mas quer aposentar seus escrúpulos na banca privada, o que é muito mais rentável e menos truculento do que o destempero do velho coronel. Os pruridos do festejado economista já tinham sido pendurados no cabide por ocasião da sua primeira – e, por sinal, bem-sucedida – passagem pelo Banco Central, em sintonia fina com Wall Street e a faculdade de economia da PUC. Prova de que sucesso independe de valores mais rígidos. Provém dessa era do absolutismo tucano o estímulo franco a s incestuosas relações das instituições financeiras com acadêmicos. Jamais os bancos foram tão felizes. Armínio vinha de uma fase de aprendizagem, quando era um frade e George Soros, a Igreja. O jovem e bem apetrechado economista nunca foi um destacado operador na máquina de fabricar ouro do biliardário. Há quem diga que o fascínio de Armínio por Soros resultou de um sentimento pagão. Ele presenciou e se encantou com o milagre de multiplicar fortunas que não se imiscuirão na economia real. É bem verdade que, com Lula, a ?finançolândia? também fez o seu banqueiro central. Em favor de Henrique Meirelles pode-se afirmar que, ao aceitar o cargo, já era meio carta fora do baralho no Fleet Boston e tinha decidido tornar-se congressista no Brasil. Armínio Fraga já traz tatuados os nomes dos hedge funds e dos doutores aliados. Quem viu o filme Inside Job sabe como uma pseudoverdade pode ser sancionada por professores universitários. Como outros destacados economistas tucanos – quase todos financistas -, ele saiu do governo e foi fazer seu pé de meia na sua zona de interesse. Não faltaram agraciamentos pelas boas relações do passado. O Unibanco prestigiou seus fundos com uma montanha de dinheiro ? não obstante a boa norma não recomendar aplicação tão vultosa em um único gestor, e ainda mais sem ele ser um craque para os padrões internacionais de multiplicação do capital. Armínio, que agora se candidata a repetir a experiência como czar da economia, tem um novo sócio, FHC os banqueiros do J.P. Morgan. Aterrissaria com uma algema de ouro – poderá largar o governo, mas não o banco. Nessas circunstâncias melhor deixar a toalha branca suja das digitais e procurar a maior aderência possível entre o interesse do Estado nacional e o da Casa Morgan. Tudo em sintonia com a “ética weberiana” na distinta versão de Fernando Henrique Cardoso. No final, é lavar a toalha branca e fingir que ela nunca esteve suja. Os escrúpulos é que mesmo lavados não serão limpos jamais.

#Aécio Neves #Armínio Fraga #FHC

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