Cesan é a porta de entrada da Sabesp no mercado nacional

  • 6/03/2014
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O plano de nacionalização da Sabesp finalmente está saindo do papel. Após inúmeras tentativas de avanço além da concessão no Estado de São Paulo, a companhia de saneamento está prestes a fechar um acordo que a colocará dentro da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), em parceria com o FIP Saneamento – fundo de participações gerido pela Caixa Econômica Federal (CEF) – e a Foxx Holding. A operação prevê um aporte de aproximadamente R$ 250 milhões na Cesan em um período de até dois anos. A ideia é que o valor seja convertido em ações da companhia, o que deverá dar ao trio uma fatia de 49% do capital da Cesan. O movimento é estratégico uma vez que a Sabesp terá uma posição vantajosa no futuro processo de privatização da empresa capixaba. Procurada, a Cesan confirmou negociações com a Caixa Econômica para financiar sua operação, mas afirmou que não há definição do valor e da participação acionária. O modelo que está sendo adotado, em uma primeira etapa, é o mesmo que a catarinense Casan utilizou para atrair um investidor, sem ter de passar necessariamente pelo longo processo de venda da estatal. A privatização deverá ficar para o próximo governante, já que não há tempo hábil para viabilizar a venda antes das eleições. A entrada da CEF tem sido providencial para os planos da Sabesp porque reduz as resistências e viabiliza boa parte dos investimentos necessários. O FIP Saneamento deverá aportar algo em torno de R$ 100 milhões na companhia capixaba, mas exige a presença de um operador com experiência no setor e também com capacidade para fazer aportes diretos na companhia. A entrada do trio já representará uma mudança na gestão da Cesan. O governo do estado dividirá o comando da concessionária, abrindo espaço aos novos sócios, que terão direito a indicar diretores e a participar das decisões estratégicas. Não é de hoje que a Sabesp tenta ciscar em terreno alheio, mas, desta vez, encontrou uma forma de fechar negócio sem depender da privatização. O negócio é importante para a empresa paulista porque serve de compensação das perdas de contrato de concessões municipais no estado. Conta ainda a favor do projeto da Sabesp o receio de que outras companhias estaduais tomem a dianteira, ocupem os espaços disponíveis, ganhem escala e poder de fogo para reduzir custos de captação de financiamentos.

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