Á meia-noite a Geni vai invadir a sua alma

  • 30/12/2013
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O ano de 2014 deveria ser chamado “ano Darlene Glória”, em homenagem a  seminal interpretação da atriz como a prostituta Geni, no filme de Arnaldo Jabor; aliás, um dos que ?adoram jogar pedra na Geni?. Entenda-se a Geni como o governo Dilma, que deverá apanhar pelo que fez e pelo que não fez, mais do que o boneco de judas na malhação do sábado de aleluia. O RR entende. Bater no governo é mesmo divertido. Mas como o final do ano enseja pensamentos mais elevados, sugerimos que, a  meia-noite, todos os arautos das convicções férreas sobre os malefícios do Estado leiam a bula que segue. Depois rasguem-na e joguem como papel picado. Que os exportadores, que tiveram um aumento da sua rentabilidade com as desonerações, dividam a dinheirama, reduzindo preços, aumentando sua competitividade e trazendo os dólares tão esperados, mas rebuçados. Que as empresas concessionárias consigam entregar uma obra conforme o cronograma original. Nesse dia será realizada uma missa de graças. Que as empresas que não conseguirem concluir sua obra no prazo, altruisticamente contratem uma auditora independente internacional, para constatar a culpa do governo e, aí sim, ao invés de pedra, jogar logo um pedregulho na Geni. Que os produtores dos bens da cesta básica, recebedores de mundos e fundos para reduzir os preços, se comprometam a criar um regime especial de disclosure, abrindo sua contabilidade para demonstrar que a transferência de renda com a qual foram favorecidos não deu nem para roçar o aumento dos preços para o consumidor. Que esse exército que se locupletou das centenas de bilhões concedidas pelo BNDES produza demonstrativos detalhados do valor adicionado, para informar que riqueza é essa que estão gerando para o país. E que o BNDES também dê uma olhadinha no retorno do seu capital investido ? principalmente na grana do FAT, que é o dinheiro do trabalhador. Que o milagre do Ano Novo permita a s pitonisas do mercado financeiro provar que suas previsões são ingênuas, isentas e puramente acadêmicas, não tendo a intenção de desestabilizar o ambiente de negócios e formar expectativas favoráveis ao seu bolso. Que os bancos comerciais deem somente uma provinha da sua disposição de fazer empréstimos de longo prazo a  infraestrutura, transformando o prédio do BNDES na Av.Chile em uma casa de espetáculos, no estilo Vivo Rio e HSBC Arena. Uma provinha só, não dói! Que as entidades patronais resgatem o projeto de Lei do então senador Roberto Campos, que propunha diferir parte do aumento dos salários em ações das empresas. A nova regra em vez de corrigir o mínimo pela variação do PIB pagaria uma parte em ações com direito a voto. Mas, olhe lá, como dizia Campos, o representante dos operários tem que ir para o Conselho. Que os agentes econômicos instituam um dia da boa ação. Nesta data, procurarão convencer a mídia que a nação não está cancerosa. Se convencerem a mídia, o país vai para frente.

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