Território de Jacob Barata começa a ser invadido

  • 10/08/2017
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O iminente desmanche do baronato das empresas de ônibus do Rio, personificado na figura do empresário Jacob Barata, deverá abrir espaço para a chegada de outro nome não menos notório da área de transporte público: o empresário português José Ruas Vaz, radicado em São Paulo há quase 60 anos. Ruas é uma espécie de avatar luso-bandeirante de Jacob Barata, seja pela hegemonia na operação de ônibus urbanos – domina mais de 50% da frota paulistana –, seja pela relação de proximidade com políticos e autoridades. A “Operação Rio” começou há cerca de um mês.

O empresário comprou a participação de 58% da Odebrecht TransPort na Otima, assumindo o controle da concessionária de pontos e abrigos de ônibus no Rio e em São Paulo. Ao assumir o comando da Otima, o empresário passa a ter uma posição estratégica na Cidade Maravilhosa. Esse bilhete lhe permitirá estreitar relações com a Prefeitura e o governo do estado e aumentar seu poder de fogo para disputar concessões de ônibus locais, notadamente na Região Metropolitana. Como de hábito, Ruas está no lugar certo, na hora certa. Sua investida em terras cariocas se daria no momento em que a Lava Jato começa a rasgar a teia de esquemas no transporte público do Rio.

O empresário aposta que importantes empresas de ônibus ficarão pelo caminho, abrindo espaço para novos protagonistas. Consultado sobre a aquisição da Otima e os planos para o Rio de Janeiro, o Grupo Ruas disse que “não possui nenhum interesse em investir na cidade.” A Odebrecht TransPort, no entanto, confirmou a venda da participação para o grupo.

Aos 89 anos, José Ruas Vaz comanda uma frota com mais de 15 mil ônibus na cidade de São Paulo, que transportam aproximadamente dez milhões de passageiros por dia. Por meio da RuasInvest Participações, é acionista também de fabricantes de carrocerias, como a Caio-Induscar. Em março, adquiriu a montadora catarinense Busscar, com a promessa de retomar ainda neste ano as operações da empresa, que entrou em falência há três anos. Seus investimentos se ramificam ainda pela área financeira: é sócio do Banco Luso Brasileiro, onde tem a companhia do patrício Américo Amorim, um dos homens mais ricos de Portugal.

Os desafetos de Ruas o acusam de crescer à base do expediente de abrir e fechar empresas ao longo de décadas, deixando um rastro de dívidas. Consta que em determinado momento suas companhias chegaram a ter mais de R$ 750 milhões em débitos com a Previdência, como chegou a ser noticiado na imprensa paulista. Perguntado sobre eventuais fechamentos de empresa e dívidas já apontados pela mídia, o Grupo Ruas disse apenas que “se reserva em sigilo”.

#Jacob Barata #Odebrecht

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