PT joga água fria na fervura do 24 de janeiro

  • 10/01/2018
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A cúpula do PT está preocupada com a “dosimetria” da reação da militância caso Lula seja condenado por unanimidade pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4a Região), de Porto Alegre, no dia 24 de janeiro. Se a condenação for por dois terços – o TRF-4 é composto por três juízes –, a expectativa dos petistas é de que haja uma grande festa após o anúncio da sentença. Ninguém acredita que exista um pedido de vista e a decisão seja protelada. A condenação pelos três juízes é que causa apreensão, mesmo com a prisão – um dos fatores mais tensivos – já descartada pelo próprio TRF-4. Não bastasse a questão da sensatez, Lula não quer que as ruas virem uma praça de guerra por uma razão lógica.

Um quebra-quebra atrapalharia seus planos de seguir candidato e atrair um eleitorado da classe média ainda refratário ao seu retorno. O discurso para a militância é o de que Lula será candidato de qualquer forma. Portanto, por ora, nada de bravatas ou desafios contra o Judiciário. O recado é para “que ninguém estimule a porrada”. Segundo a fonte do RR, a direção do PT ainda não fechou questão sobre o tipo de manifestação que deverá ser priorizada, mas a corrente hegemônica no partido defende o estímulo às vigílias na véspera do julgamento.

Elas têm uma conotação bastante pacífica e geram imagens de impacto para mobilizar as mídias do mundo inteiro. Porto Alegre seria a capital da vigília. A militância dos estados do Sul é o público-alvo a ser incentivado a participar do ato. A ideia é trabalhar a logística de acordo com a moradia da militância, evitando gastos com transportes. Até porque, o partido não tem dinheiro para isso. As vigílias nos outros estados devem correr em paralelo ao chamamento dos petistas às manifestações, que ocorrerão após a divulgação da sentença. Estão sendo feitas convocações de artistas para presença em palanques. No mapa de comícios do Nordeste, estão previstas dezenas de eventos. Seja qual for a decisão do TFR-4, o início para valer da campanha eleitoral de Lula será no dia 24.

Junto com seus assessores, Lula analisa a possibilidade de um pronunciamento prévio ao julgamento pedindo tranquilidade aos petistas. Os movimentos sociais estão sendo contatados com essa mensagem explícita. O recado também foi dirigido especialmente a Gleisi Hoffmann, Gilberto Carvalho e José Dirceu. Gleisi tem estado muito próxima de Lula, não somente por ser presidente do partido, mas também pela sua função de organizadora da militância para os eventos do dia 24. O ex-presidente sabe que a senadora não raras vezes descamba para uma linguagem radical. É preciso mantê-la mansa.

Quanto a Gilberto Carvalho e José Dirceu, os dois são os mais ativos petistas nas redes sociais. Os dirigentes do partido têm usado também seus canais para fazer chegar aos altos comandos da segurança pública a sua preocupação com as ruas. O recado é que todos estão trabalhando para que as manifestações sejam tranquilas. Lula ficará o dia em São Bernardo. Há divergências se após a divulgação da sentença ele daria uma entrevista coletiva ou se guardaria para o ato da Av. Paulista. Os dirigentes petistas têm particular inquietação com esse episódio. A Av. Paulista tem imensa visibilidade nacional.

É preciso, portanto, que se contenha a reação às provocações anunciadas antecipadamente por organizações antagonistas.De onde virá o problema é sabido. A líder do movimento Nas Ruas, a ativista Carla Zambelli, já começou a mobilizar os internautas para os atos marcados pelos grupos antiPT. No WhatsApp, pede para que os amigos  personalizem o avatar. Para isso, ela  envia uma montagem com a mensagem #lulanacadeia, um desenho do petista vestido de presidiário e o espaço onde entra a imagem do usuário. A ativista convoca o internauta para o que diz ser o maior tuitaço da história. No Facebook, o Movimento Brasil Livre (MBL), outro grupo antiPT, organizou um evento para o dia 24 chamado de CarnaLula. Até o fechamento desta edição, o encontro contava com quase quatro mil presenças confirmadas.

#Lula #PT

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