Os moradores da mansarda da Rua México, 663

  • 26/10/2015
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Os contendores no leilão judicial pela mansarda da Rua México, no Jardim América, realizado na última quarta-feira, às 14h45, não aparentavam estar disputando um prêmio. Pareciam velhos conhecidos, poderia se dizer até satisfeitos com quem quer que fosse o vencedor do duelo pelo belo casario, que um dia pertenceu a José Ermírio de Moraes. De um lado, Carlos Alberto Mansur, ex-controlador da Vigor e dono do Banco Industrial, irmão de Ricardo Mansur, ex-Mappin e ex-Mesbla. De outro, o dono da gigantesca empresa de segurança Gocil, Washington Cinel. A disputa foi cifrão a cifrão. Os 20 lances, boa parte na casa de R$ 100 mil, se sucediam freneticamente até que Carlos Alberto jogou a toalha – mais provável que tenha sido um lenço de seda. Cinel sacou do bolso a oferta de R$ 39 milhões, com um deságio estimado em R$ 11 milhões em relação ao valor de mercado. Continuaria morando na mansão, da qual é inquilino desde o confuso arresto dos bens de Ricardo Mansur. Tinha se tornado proprietário da sexta mais cara mansão do país, ensanduichado, em ordem de valor, por não menos controversas companhias – a sétima propriedade mais bem avaliada pertence a Paulo Maluf e a quinta a João Dória. A título de ilustração, a mansarda mais valiosa do Brasil é de Joseph Safra. Cinel virou-se para Mansur, com sua calvície luzidia pelas gotículas de suor devido à tensão, e cumprimentou o “adversário”. Jogador de polo, aristocrata paulistão, Mansur devolveu o cumprimento inabalável. Pareciam a própria antítese entre as classes sociais. Mansur e Ricardo não eram bem o que pode se chamar de unha e carne, mas estavam muito longe da beligerância existente entre Abilio Diniz e Alcides Diniz, o Cidão, só para dar um exemplo entre dois fraticidas também praticantes de polo. Mas há quem diga que estava tudo em família, inclusive com Washington Cinel. O dono da Gocil tem uma trajetória de vida bem diferente. Era cana dura da Polícia Militar. Comia e dormia no quartel. Um dia recebeu um chamado da Rede Globo de São Paulo. Um meliante queria explodir a rede de transmissão. Resolveu a parada e foi trabalhar na Globo, que virou vitrine dos seus serviços. Daí à criação da empresa de segurança foi um passo. No Tribunal de Justiça de São Paulo circula uma maldosa versão de que os Mansur e Cinel são mais que fidalgos, são parceiros em uma empresa off shore no Uruguai, a Compañia Administradora de Valores Sociedad. Cinel teria entrado no negócio com os créditos que possuía contra os Mansur na holding Barnet. Antes a mansão teria passado pela H.I.C. Hermann Beteilingunsgesellschaft e pela Market Consultoria, pertencentes às filhas de Ricardo, Paola e Marie. Por tudo que se vê, todos poderiam morar juntos em perfeita harmonia no n° 663 da Rua México.

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