O outono da nossa insipiência em São Petersburgo

  • 21/07/2017
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Nem bem o RR desceu os três primeiros degraus da Hotel Corinthia, cravado no centro da Avenida Nevsky, em São Petersburgo, deu-se início à bateria de interrogações. Auxiliado pela tradutora, tome de perguntas para uns e para outros: “Você sabe quem é Lula?”; “Ouviu falar na roubalheira no Brasil”; “O que você conhece do Brasil?” As respostas dos populares não são nada entusiasmantes. O Brasil continua sendo uma terra meio indígena, com lindas praias, belas mulheres. Ah, e tem o Pelé, que esteve recentemente em Moscou, na Copa das Confederações.

Lula aparece duas vezes na sondagem relâmpago. A primeira pergunta é feita a um rapaz ruivo, de nome Aleksander: “Já ouviu falar do Lula”? “Acho que é o presidente do Brasil, que está envolvido em um caso de corrupção. Procede?” Sim, procedia. O outro rapaz, de nome Andrey, também conhecia Lula, mas confessava ter boa impressão do presidente, que entendia “ser meio comunista, assim que nem Putin”. Mas foi Aleksander quem definiu bem as diferenças: “Se lá no Brasil, pelo que ouço, a corrupção se passa no Congresso, vocês não sabem o que é um sistema apodrecido. Aqui a corrupção se dá no dia a dia. A gente vai ao hospital, por exemplo, e tem de dar um agrado ao médico. Quanto maior a gravidade da doença ou urgência de tratamento maior a cifra”.

Ciente do baixo reconhecimento da realidade brasileira em terras russas, o RR decidiu visitar dois ministérios para ver se os funcionários do atendimento eram mais versados nas histórias que gorjeiam em nossas plagas. Primeiramente, foi ao Ministerstvo torgovli i promishlennosti (Ministério da Indústria e Comércio) perguntar à funcionária Natália, uma senhora de olhos bem azuis, se ela se lembrava de algum brasileiro. Sim, ela se lembrava de “inzhener” Batista ou o engenheiro Eliezer Batista, que há trinta e poucos anos era figurinha fácil na então União Soviética.

Antes que alguém pergunte, Natália não tem a menor ideia de quem é Eike Batista. Próxima parada: o Ministério do Trabalho (em russo Ministerstvo zanatosti i truda). O RR fez a mesma pergunta: “Manjas alguém do Brasil? “A resposta foi seguida de um cantarolar entusiasmado: “Dirceu – voin brazilskogo naroda”, mais conhecida nas convenções do PT como “Dirceu, guerreiro, do povo brasileiro”. O atendente, de nome Pavel, prometeu cantar a musiquinha na Copa do Mundo de 2018, que irá se realizar neste país eurasiano. A Rússia nunca esteve tão longe e tão perto do Brasil.

#Lula

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