O frio na espinha que a prisão de Lula provoca

  • 20/10/2016
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  Não há tempo de estio na jornada de Luiz Inácio Lula da Silva. A chapa da Lava Jato está sempre fervendo. Na última sexta-feira, escaparam pelas goteiras dos comandos de Curitiba e Brasília sinais de que falta pouco para um xeque-mate. A ansiedade cresceu quando, no meio da tarde, circularam informações sobre uma reunião convocada pela presidente do STF, Cármen Lucia, com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e o ministro da Defesa, Raul Jungmann. A motivação formal do encontro publicada nos jornais foi a discussão do Plano Nacional de Defesa, com ênfase na situação dramática do Rio de Janeiro. Mas uma outra versão causou insuperável frisson nos setores diretamente envolvidos. Segundo este relato, as autoridades teriam discutido as consequências de uma grande comoção popular com a prisão de Lula.  A articulação de manifestações violentas por parte de sindicatos e movimentos populares teria sido capturada pela rede de informações do governo. Não são necessários espiões ou arapongas para chegar a essa conclusão. Nas redes sociais, nos últimos dias, têm se multiplicado as ameaças abertas sem nenhuma preocupação de sigilo por parte dos autores. O teor é mais ou menos “prende o Lula que nós vamos explodir tudo”.  Ontem circularam rumores fortes de que o líder do PT seria encarcerado até o fim desta semana na “Operação Fim de Papo”. O já célebre PowerPoint de Deltan Dallagnol e sua tropa de choque apresentando Lula como o “general do crime” não deixa dúvidas de que o pedido de prisão preventiva é inevitável. Nenhuma autoridade pública se comporta daquela maneira se a decisão já não estiver tomada. No Instituto Lula a informação é de que os advogados do ex-presidente têm uma comunicação difícil com o Ministério Público.  Por sua vez, no governo Temer ninguém acha essa prisão uma boa nova. Temer vê um domínio do Congresso total, a aliança sólida com a mídia, as ruas calmas, o ambiente propício para aprovação das reformas conservadoras, então para que um risco político dessa magnitude? O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dito que, como está, Lula será um farrapo em 2018, mas, se for preso, torna-se perigosíssimo. Há cheiro de pólvora debaixo do tapete da Lava Jato e nenhuma sensibilidade do Ministério Público em relação à representatividade de Lula e seu apelo popular. A aposta de Deltan Dallagnol e dos procuradores do seu grupo de trabalho é de que a prisão será mais uma e nada mais. A essa altura, é torcer para que estejam certos.

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