Lava Jato põe foco nas feridas do Grupo Bertin

  • 5/04/2016
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 Os fatos que começam a ser desvendados pela Lava Jato apenas confirmam o que parceiros, credores e mesmo autoridades já conhecem: o Grupo Bertin tem um estilo bastante peculiar de fazer negócios. O jeito Bertin inclui relações sinuosas com o poder, sobre as quais a força-tarefa de Curitiba começa a jogar foco. Segundo o RR apurou, a acusação de operações fraudulentas com o pecuarista José Carlos Bumlai, que veio a público na última semana, seria apenas o fio da meada. De acordo com fontes envolvidas nas investigações, outra ponta deste emaranhado levaria ao lobista Fernando “Baiano”, tido como operador do PMDB. A conferir.  O estilo Bertin inclui também vender energia de térmicas que não existem. E quem o diz é a própria Aneel, que recentemente anunciou a abertura de um processo para cobrar da companhia uma multa de R$ 6,25 bilhões. Seis usinas do grupo deveriam ter iniciado sua operação em 2013, mas, até hoje, as obras não foram concluídas. Ao longo dos últimos três anos, a agência reguladora fez uma série de alertas ao Bertin, que procrastinou o caso até não poder mais. A situação chegou a tal ponto que, ao divulgar a instauração do processo, o diretor geral da Aneel, Romeu Rufino, disse textualmente que “hoje encerramos a longa e triste história desse contrato”.  A julgar pelos fatos, o modus operandi do Bertin passa também pelo expediente de deslocar para sócios dívidas que lhe pertencem. O caso em questão está prestes a eclodir no Espírito Santo. O Tribunal de Justiça do estado vai julgar em breve ação em que o grupo é acusado de tentar empurrar para terceiros passivos de outras sociedades das quais é acionista, por meio de manobras contábeis vistas como pouco ortodoxas. O valor da causa gira em torno dos R$ 70 milhões.  A maneira Bertin de reger seus negócios se volta contra o próprio grupo. A extensa folha de litígios ameaça a reestruturação da companhia, justamente agora em que seus acionistas, os irmãos Fernando, Silmar e Natalino, estariam tentando se desfazer de ativos para fazer caixa e repactuar as dívidas de suas empresas. Segundo informações filtradas junto ao Bertin, o grupo procura um comprador para a Águas de Itu, sua única concessão de saneamento. Em outro front, estaria em negociações para a venda do controle da Infinity Bioenergy, que reúne seis usinas sucroalcooleiras. As concessões rodoviárias SPMar e Atlantia também estariam na prateleira. Alguns destes ativos, no entanto, fazem mais parte do problema do que da solução. É o caso da Infinity Bioenergy. Em recuperação judicial, a companhia carrega um passivo estimado em aproximadamente R$ 2 bilhões. Procurado pelo RR, o Grupo Bertin não comentou o assunto.

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