Crônicas das miudezas determinantes

  • 28/03/2017
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Em algum dia em um passado não muito distante, o então Advogado Geral da União, Dias Toffoli, aguardava pachorrentamente o final uma reunião do presidente Lula para, então, despachar alguns pareceres. De repente, de dentro do gabinete presidencial surgiram a ministra Dilma Rousseff e outro ministro manda-chuva. Ao se defrontar com o chefe da AGU, a “mãe do PAC” explodiu. O diálogo foi mais ou menos o seguinte: – Ô, Toffoli, eu li o seu parecer sobre aquele assunto tal. Tem que mudar. Não foi o que pedimos. Tem que alterar.

– Ministra, eu interpreto a lei.

– Mas, está errado, tem que modificar.

– Ministra, se a Sra. quer um outro parecer peça ao presidente que me destitua.

Dilma perde o controle e empurra Toffolli com as duas mãos espalmadas contra a parede.

O advogado bate com violência, ricocheteia, se desvencilha elegantemente da ministra enraivecida e adentra a sala presidencial.

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Antes de prosseguir com o episódio, é bom situar Toffolli na História. Seu DNA petista é respeitável. Para se ter uma ideia do histórico do doutor, ele começou como consultor jurídico na Central Única dos Trabalhadores. Seguiu como assessor parlamentar na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e assessor jurídico da liderança do PT da Câmara dos Deputados. E, antes de entrar para a AGU, atuou como advogado de três campanhas presidenciais de Lula, nas eleições de 1998, 2002 e 2006. Entre 2003 e 2005, foi sub-chefe para assuntos jurídicos da Casa Civil da Presidência.

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Pois bem, Toffoli entra no gabinete da Presidência e comenta com Lula o episódio com a ministra. O presidente, com seu jeito gaiato, pergunta: “Ela reclamou de que parecer? Me dá aqui que eu assino embaixo. O resto eu vejo depois”. Risinhos.

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Pouco tempo depois, Lula estava apoquentado com a lista de candidatos à uma vaga do Supremo. Recebia pressões de todos os lados para indicação de um dos nomes, mas a insistência maior partia de José Sarney. O presidente, com seu jeito manhoso, mandou chamar o ministro Nelson Jobim para conversar sobre o assunto. Queria dividir o peso da escolha. Apresentou a lista e perguntou:”Jobim, indica um nome aí, que eu aprovo”. O ministro da Defesa pensou, pensou e disse: – Presidente, todos os nomes são bons, todos são preparados, mas o melhor nome mesmo está bem próximo do Sr., é o mais qualificado de todos e lhe acompanha há muito tempo. Dito e feito. Dias Toffolli assumiu a vaga decorrente do falecimento do juíz Carlos Alberto Menezes Direito no STF. O resto fica para uma futura crônica sobre o “mensalão”.

#Dilma Rousseff #Lula #PT

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