Briga societária racha ao meio o telhado da Eternit

  • 2/03/2016
    • Share

  A Eternit é um ringue societário onde dois dos mais agressivos investidores ativistas do mercado de capitais brasileiros travam um vale-tudo particular. O próximo card do duelo entre Lírio Parisotto e Luiz Barsi Filho deverá ocorrer no dia 26 de abril, data prevista para a assembleia de acionistas que elegerá o novo conselho de administração da Eternit. Segundo fonte ligada à própria empresa, Barsi estaria se articulando com outros minoritários na tentativa de assegurar uma cadeira a mais no Conselho. Os golpes miram a própria gestão executiva da Eternit. De acordo com a mesma fonte, seu objetivo maior seria o afastamento do atual presidente da companhia, Nelson Pazikas, que tem o discreto, mas decisivo apoio de Parisotto, detentor de 13,8% da fabricante de telhas e caixas d´água. Desta forma, Barsi, dono de 13,7% do capital, daria o troco à derrota que sofreu há dois anos, quando não se elegeu para o board da Eternit. Voltou em 2015, mas nunca esqueceu os jabs e cruzados do desafeto para jogá-lo fora das cordas. Na época, Parisotto teria alugado ações em mercado para garantir mais votos e brecar a ascensão de Barsi na companhia.  O pano de fundo para o duelo é a condução estratégia da Eternit. Valendo-se do controle pulverizado da empresa, Parisotto se uniu a outros minoritários, ganhou espaço e impôs um processo de diversificação dos negócios da companhia, com investimentos na produção de loucas e metais sanitários. Barsi não é exatamente contra a guinada, até porque seria um tiro no próprio pé, uma vez que o futuro da Eternit, já está provado, não cabe em uma caixa d´água de amianto. Contudo, segundo a fonte do RR, o investidor e seus aliados alegam que a diversificação da empresa resultou em uma disparada dos custos operacionais, redução das margens e queda da rentabilidade. Entre janeiro e setembro de 2015, o lucro caiu 30% em relação ao mesmo período no ano anterior.  Tudo o que a Eternit menos precisava neste momento é de uma disputa de poder entre seus dois maiores acionistas. Encapsulada em seu inferno de amianto, a companhia enfrenta ataques de todos os lados: da Justiça, da comunidade médica, de ex-funcionários e da própria mídia. Mais dia menos dia, terá de buscar uma alternativa a sua matéria-prima, produto com efeitos cancerígenos que vem sendo banido em diversos países. Procurada pelo RR, a Eternit não comentou o assunto.

#Eternit

Leia Também

Todos os direitos reservados 1966-2024.