João Lyra duela com credores, herdeiros e a Lava Jato

  • 2/08/2017
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Aos 86 anos, o usineiro e ex-deputado João Lyra mostra fôlego para evitar as armadilhas que surgem em seu caminho – venham elas de Curitiba, onde sua relação com Fernando Collor e a BR Distribuidora é escarafunchada, ou da Comarca de Coruripe (AL). É lá que se arrasta o processo de falência de seu antigo império sucroalcooleiro, que vive novos e decisivos capítulos nesta semana. Lyra e seus herdeiros tentam brecar na Justiça o leilão de ativos da massa falida da Laginha Agro Industrial, que teve início no último dia 26 e se estende até a próxima sexta-feira. Trata-se de um momento chave desta epopeia “sucro-judicial”.

Nove anos após o pedido de recuperação, os 14 mil funcionários e centenas de fornecedores e bancos credores não receberam um centavo sequer. O leilão é a primeira possibilidade concreta de pagamento de parte dos R$ 2 bilhões em dívidas. O primeiro tiro contra os credores errou o alvo: na última quarta-feira, um dos filhos do empresário, Antonio José Pereira Lyra, entrou com um pedido de suspensão do leilão, negado pelo desembargador Tutmés Airan de Albuquerque Melo, do TJ-AL.

Os Lyra, no entanto, não desistem tão facilmente. Segundo o RR apurou, os advogados do próprio patriarca também estariam se movimentando para suspender os efeitos do leilão, no qual são ofertados o terreno e o imóvel onde funcionava a sede do grupo, em Maceió, além de um apartamento e um imóvel comercial. Ressalte-se que João Lyra e seus herdeiros correm em raias separadas. Duelam com os credores tanto quanto digladiam entre si. Os filhos já entraram na Justiça com um pedido de interdição do pai.

O expediente lhes daria a possibilidade de assumir o mando dos ativos no caso de uma eventual transformação da falência em recuperação judicial – em fevereiro, Lyra impetrou recurso no STJ pleiteando esta reversão. Não obstante a dívida da Laginha, sempre dá para extrair algum caldo de um patrimônio avaliado em R$ 1,9 bilhão. Curiosamente, por mais dolorosa que seja, sob certo aspecto esta disputa consanguínea é conveniente para o clã. A família deve, não nega, mas, enquanto briga, ganha tempo e preserva o patrimônio congelado.

O RR fez seguidas tentativas de contato com os advogados de João Lyra, por telefone e e-mail, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. João Lyra centra suas atenções na Justiça alagoana, sem tirar o olho da Lava Jato, uma ameaça cada vez mais presente. Em março, a Polícia Federal concluiu as investigações em torno de pagamentos e empréstimos de R$ 7,2 milhões feitos pela BR à Laginha, com a suposta interferência do senador Fernando Collor. Segundo a PF, há indícios de irregularidades no repasse dos recursos. O caso agora está na PGR

#BR Distribuidora #Fernando Collor #Grupo João Lyra

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