A Operação Lava Jato que se cuide: os pragmáticos estão chegando

  • 24/05/2017
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A proposta de um circuit breaker na Lava Jato espocou, ontem, em Brasília, São Paulo e Rio, os três pontos cardeais da política, como o elo ideal de um acordo entre os partidos para a sucessão do presidente Michel Temer via eleições indiretas. Segundo as informações vindas dessas três direções, Lula, Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati e o próprio Rodrigo Maia seriam favoráveis a um pacto que levasse em consideração um mínimo de previsibilidade no cenário nacional, o que incluiria dar continuidade às reformas já decididas, apoiar a política econômica do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e congelar o risco Lava Jato até as eleições de 2018. Esta última premissa implicaria um waiver para a frente em delações premiadas, vazamentos seletivos e prisões coercitivas, entre outras práticas menos votadas.

O ponto de concórdia é que o país é maior do que a República de Curitiba. A tarefa exige alinhamento total entre os astros. Primeiro é necessário convencer a obstinada força-tarefa curitibana, e suas ramificações paulistas e cariocas, além dos bolsões radicais, porém sinceros, da Polícia Federal. Esse agrupamento tem monopólio de informações comprometedoras capazes de enrubescer até o mais longevo chefão do FBI, Edgar Hoover, caso ele estivesse entre nós.

Depois é preciso articular a mídia, que teria de ser mais parcimoniosa em relação ao provável ataque de vazamentos. Seria obrigatório acertar com Lula como ficaria o seu passivo de sete inquéritos quase repetitivos, já que o waiver a ser acordado é para o porvir e não para trás. E finalmente o entendimento exigiria uma saída sem constrangimento prisional a Michel Temer. Tudo passaria pelo crivo do Supremo Tribunal Federal, anfiteatro do pacto nacional. Em uma visão cínica, eventuais ressalvas às concessões no acordo não seriam excepcionais, tendo em vista decisões de imensa magnitude pragmática tais como a premiação pela delação de Joesley Batista.

O jurista Nelson Jobim é a unanimidade entre os poderosos para assumir o papel de negociador e liaison entre o Congresso e o STF. O maior desafio, contudo, é explicar essa colagem para o distinto público. Apesar de que algumas forças da mídia já ensaiam a defesa da tese na antessala de qualquer acordo. Por enquanto, há mais desejo do que encaminhamento factível pelas partes interessadas.

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