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Futebol

CBF age para apagar incêndio com patrocinadores

25/01/2024
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De volta à presidência da CBF, Ednaldo Rodrigues iniciou um “road show” junto aos maiores patrocinadores da entidade, um cast de pesos-pesados que inclui Itaú, Vivo, AmBev e Nike. Nas conversas, tem procurado ressaltar os “feitos” da sua gestão e assegurar que seu retorno ao cargo é definitivo. A prioridade de Rodrigues é aparar arestas com o banco dos Setúbal e a operadora de telefonia, os dois apoiadores mais incomodados em ver suas marcas associadas ao imbróglio jurídico e político da CBF.

Em dezembro, Itaú e Vivo, assim como a Mastercard, enviaram uma carta conjunta à entidade manifestando “profunda insatisfação com o modelo de gestão administrativa e liderança adotada pela confederação”. Na área jurídica da CBF, a missiva foi interpretada como uma possível estratégia das empresas com o objetivo de preparar o terreno para eventuais medidas judiciais mais à frente, em um cenário mais radical incluindo até mesmo a possibilidade de ruptura dos contratos de patrocínio. Consultados, Itaú e Vivo não se manifestaram.

Rodrigues ficou quase um mês afastado do cargo por decisão da 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Voltou ao comando da CBF no último dia 4 de janeiro, amparado em uma liminar do ministro Gilmar Mendes.

#Ambev #CBF #Itaú #Nike #Vivo

Empresa

AmBev faz seu hedge contra o “imposto do pecado”

3/11/2023
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A Ambev estuda a produção de um vinho vegano, com baixíssimas taxas de açúcar e calorias. A bebida é para ser tomada geladíssima no verão. Na verdade, seria uma resposta à queda da demanda por bebida alcoólica e à ameaça permanente do “imposto do pecado”. Consultada, a empresa não se manifestou.

#Ambev

Empresa

AmBev está empenhada em se tornar uma marca líder em ESG

16/08/2023
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A Ambev sabe que tem um passivo vinculado à saúde de um dos seus produtos: a bebida alcóolica. Vá lá. Não se trata da única companhia que produz cerveja, para não falar das empresas que fabricam outras bebidas alcóolicas. No Brasil, atuam 16 produtores de cerveja. No mundo, excluindo a cerveja, um estudo da Intangible Business e da Drinks Power Brands alcançou o número de 10 mil marcas de destilados que, pelo seu teor alcoólico, seriam capazes de transformar uma Brahma em um guaraná Antarctica. Mas, verdade seja dita, são pouquíssimas as empresas que têm feito um esforço tão grande para fazer uma guinada em sua imagem. Nos últimos 12 meses, as mídias do país publicaram, em média, oito menções à AmBev vinculada a alguma ação ESG. No Anuário Integridade ESG, que analisou as práticas das 500 maiores empresas do país, a companhia foi a pole position. Disparada.

O RR não é de alisar o ego de corporações. Mas a iniciativa de abrir cursos gratuitos de capacitação profissional com certificado garantido, anunciada no início da semana, é uma pérola. Ela é meio caminho para um projeto do genial Eliezer Batista, criador, em parceria com o banqueiro suíço Stephan Schmidheiny, do conceito do “desenvolvimento sustentável” e o da “gestão integrada de Obras”. A ideia da sustentabilidade foi construída a partir do Projeto Carajás, outra criatura de Eliezer, que já era ESG muito antes do ESG nascer. Pois bem, Eliezer burilou um projeto em que as grandes companhias levantariam faculdades próprias. Assim teríamos uma faculdade Petrobras, uma outra Vale, uma Bradesco, e assim por diante. Esses centros de ensino superior, assim como o projeto da Ambev, teriam currículo em sintonia com as atividades e necessidades da empresa, de forma além de capacitar, poder contratar mão de obra on demand, digamos assim. Infelizmente, Eliezer se foi e em algum momento à frente, sua genialidade será esquecida. Mas a Ambev, talvez até sem ter ciência da homenagem ou não, deu uma contribuição para que um dos mais brilhantes construtores do Estado moderno venha a ser lembrado. Falta avançar. E fazer a Faculdade Ambev.

#Ambev

Economia

Tributaristas propõem dosimetria no “imposto do pecado”

26/07/2023
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Sondagens feitas pelo RR junto a tributaristas, alguns deles bem conhecidos, apontam a importância de separar o joio do trigo na aplicação do “imposto do pecado”, previsto na reforma tributária. É praticamente consenso que os fabricantes de bebidas não devem pagar o mesmo tributo da indústria tabagista. Em outras palavras: AmBev e congêneres teriam de ser taxadas com uma alíquota inferior à da BAT Brasil, por exemplo. O argumento é que a dosimetria do “imposto do pecado” deve ser proporcional aos malefícios causados por determinado produto. A linha de raciocínio é que bebida alcoólica faz mal à saúde, mas menos do que cigarro. Outra hipótese levantada por tributaristas ouvidos pelo RR é que a definição do imposto poderia levar em consideração as ações adotadas por cada companhia ou setor da indústria para mitigar os efeitos nocivos dos seus produtos. Ponto para a AmBev, que carrega de arrasto a indústria cervejeira nacional. Na comparação direta com a BAT, a companhia tem uma percepção muito mais positiva em relação as suas práticas sociocorporativas. Recentemente, por exemplo, a AmBev conquistou o primeiro lugar entre 100 empresas no ranking do Anuário Integridade ESG 2023. 

#imposto do pecado

Destaque

Venda da Kraft Heinz entra no radar de Lemann e seus sócios

13/03/2023
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O escândalo da Americanas pode levar a uma rearrumação na prateleira mais alta dos negócios de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Entre os cenários traçados pelo trio a partir da grave crise financeira da rede varejista está a venda da participação na Kraft Heinz – segundo informações apuradas pelo RR junto a duas fontes próximas à 3G Capital. A operação ajudaria a reduzir o impacto que a inexorável capitalização da Americanas terá no bolso de Lemann, Telles e Sicupira. O caminho mais provável, de acordo com as mesmas fontes consultadas pelo RR, seria uma negociação em bloco das ações da gigante global da área de alimentos, o que permitiria aos três investidores capturar um prêmio sobre o preço da ação em bolsa. A 3G detém 7,9% do capital da Kraft Heinz. Com base no valor de mercado da companhia, trata-se de algo equivalente a US$ 3,7 bilhões ou o correspondente a R$ 19 bilhões, quase duas vezes o aumento de capital de R$ 10 bilhões que os acionistas de referência da Americanas negociam com os credores. Em tempo: ao que tudo indica, o mercado ainda não acusou a possibilidade de venda da Kraft Heinz, dada a acomodação dos preços do papel. Desde meados de janeiro, a cotação tem oscilado em um intervalo pequeno, entre US$ 38 e US$ 41. 

A fraude contábil na Americanas, ao que tudo indica, já começou a mexer no mosaico de ativos de Lemann, Sicupira e Telles. No início de março, a 3G Capital negociou em bolsa cerca de 2,2 milhões da Restaurant Brands International, dona do Burger King, amealhando US$ 143 milhões. Difícil dissociar a venda da Kraft da crise na rede varejista e da necessidade de um aporte emergencial na companhia. A negociação de ambas as empresas seria o desmonte da dobradinha entre hambúrguer e ketchup, que, ao lado da cerveja, leia-se AmBev, formou a tríade de alimentos nada saudáveis que fez de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles os mais transnacionais entre todos os empresários brasileiros.  

Sob certo aspecto, talvez a hecatombe da Americanas esteja apenas precipitando decisões e acelerando passos que já vinham sendo dados, ainda que em uma cadência mais lenta. Em novembro de 2021, a 3G vendeu em mercado 30,6 milhões de ações da Kraft Heinz. Poucos meses depois, em maio de 2022, aumentou a dose, repassando a outros investidores mais 88 milhões de ações. Sua participação, que chegou a ser de 24%, caiu para os atuais 7,9%. Ou seja: a inapetência de Lemann, Sicupira e Telles pela companhia não vem de hoje. Não custa lembrar que, a exemplo da Americanas, a Kraft também carrega a mácula de uma fraude contábil. Em 2021, a empresa fechou um acordo com a SEC e pagou uma multa de US$ 62 milhões para encerrar uma investigação sobre a assinatura de contratos falsos com fornecedores.  

O fato é que a fusão entre as antigas Kraft e Heinz não surtiu as sinergias e ganhos na proporção idealizada por seus acionistas. Que o diga Warren Buffett, sócio do trio na empresa. Há pouco mais de um mês, Charles Munger, vice-presidente do Conselho da Berkshire Hathaway, fundo de Buffett, e um dos principais vocalizadores do megainvestidor, disse que “a parceria da empresa com a 3G Capital para a formação da Kraft Heinz não funcionou bem”. E 2019, o próprio Buffett afirmou que “pagou caro demais pela Kraft”. Talvez a Americanas seja apenas o acelerador de um desmanche mais do que anunciado. Ou o trio Lemann, Sicupira e Telles esteja mesmo fazendo uma inflexão com o objetivo de partir para outros negócios. 

#Beto Sicupira #Jorge Paulo Lemann #Kraft Heinz #Lojas Americanas #Marcel Telles

Empresa

Cade quer acabar com a folia das cervejeiras

24/02/2023
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As cervejarias atravessaram o samba das leis antitruste. De acordo com informações filtradas do Cade, o Conselho deverá apurar denúncias contra a AmBev e a Heineken por supostas práticas anticoncorrenciais. Os alvos são os contratos de patrocínio do Carnaval firmados, respectivamente, com as Prefeituras de Salvador e de Olinda. Segundo acusações já encaminhadas ao órgão, as duas companhias fecharam acordos de exclusividade danosos à livre concorrência. Ambas teriam se aproveitado da condição de patrocinadoras oficiais do Carnaval para tirar adversários do jogo, coibindo a venda de cervejas de outras marcas, inclusive nos bares localizados em áreas próximas a eventos carnavalescos. Em Olinda, o episódio chegou a parar na Justiça. O Ministério Público de Pernambuco pediu à Justiça a suspensão do contrato entre a Prefeitura e a Heineken, assim como com outros fabricantes de bebidas alcoólicas. No entanto, a requisição foi negada. 

As denúncias encaminhadas ao Cade vão colocar levedura em um processo de investigação que já corre no órgão desde 2019. Não é de hoje que os Conselheiros avaliam medidas mais drásticas, como impedir a assinatura de contratos de patrocínio entre cervejarias e o Poder Público, que acabam se transformando em um biombo para ocultar expedientes contra a concorrência. As novas acusações devem acelerar decisões dentro do Cade. Em contato com o RR, o Conselho confirmou que já tem “um inquérito administrativo aberto no qual estão sendo investigadas denúncias de suposto abuso em contratos de exclusividade nesse mercado”. Perguntado especificamente sobre as denúncias contra AmBev e Heineken, o Cade afirmou que “para preservar a investigação, não comenta casos em andamento.” Também consultada pelo RR, a AmBev informou que “os contratos são públicos e todos os termos deles também”. A empresa diz ainda que “30 mil ambulantes e catadores tiveram a oportunidade de renda extra em Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador”, em referência à venda de seus produtos nessas cidades durante o Carnaval. A Heineken, por sua vez, não se manifestou. 

#Ambev #Cade #Carnaval #cervejarias #Heineken #leis antitruste #Ministério Público de Pernambuco #Olinda #Prefeituras de Salvador #samba

Negócios

Lemann, Sicupira e Telles jogam a PwC na lama

25/01/2023
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Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles já escolheram o seu “Judas”. O comunicado divulgado pelo trio no último domingo culpabiliza explicitamente a PwC pela fraude contábil na Americanas. O texto não deixa dúvidas de que Lemann, Sicupira e Telles estão decididos a transformar um parceiro de longa data no “criminoso” responsável por um dos maiores escândalos da história do mercado de capitais no Brasil. A PwC tornou-se praticamente uma espécie de “auditoria in house” tamanho vínculo global com as empresas de Lemann, Sicupira e Telles. A companhia é responsável por auditar o balanço da Ambev, da AB Inbev e da Kraft Heinz. Neste último caso, a dobradinha entre a tríade de investidores e a PwC já carrega uma nódoa. Em a Kraft Heinz aceitou pagar US$ 62 milhões para encerrar uma investigação na SEC, a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana, em razão de irregularidades contábeis por três anos seguidos. No Brasil, a PwC é também o auditor independente da Zamp, holding que controla as operações do Burger King no país. Ou seja: onde há Lemann e cia., há também a antiga PriceWaterhouseCoopers.  

O tempo dirá se a PwC tem ou não culpa no cartório em relação à Americanas. No entanto, a postura covarde de Lemann, Telles e Sicupira de empurrar para a firma de auditoria a responsabilidade pelas fraudes contábeis na rede varejista coloca a antiga parceria em uma posição extremamente delicada. Desde já, a PwC pode perder um caminhão de dinheiro com a “condenação prévia” dos acionistas de referência da Americanas, para não falar do forte impacto sobre o seu capital reputacional. A empresa de auditoria vive disparadamente a maior crise em seus mais de cem anos no Brasil. O comunicado de Lemann, Telles e Sicupira lança ainda uma pergunta que não quer calar: a PwC será mantida como a auditora independente das demais empresas pertencentes à trinca?  

#Beto Sicupira #Jorge Paulo Lemann #Marcel Telles #PwC

Negócios

Fundação Zerrener teme que a cerveja da Ambev fique choca devido as estrepolias de Lemann e seus associados

17/01/2023
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O estado de abalo no ecossistema empresarial criado pelo trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles avança trepidante. Agora quem tem mostrado tensão nas reuniões internas é a Fundação Zerrener, antigamente vinculada à Companhia Antártica Paulista, que, posteriormente, já sob os auspícios de Lemann, viria a se fundir com a Brahma, constituindo a Ambev. Pois bem, a Fundação Zerrener, também chamada de Fundação Ambev,  possui 10% das ações da cervejeira. Os episódios de compliance duvidoso nas empresas do trio (Garantia, ALL, Kraft e Americanas), no decorrer da história, deixaram dúvidas inevitáveis se as mesmas práticas não poderiam estar sendo usadas em outras companhias de Lemann e seu grupo. 

A Ambev seria uma dessas galinhas gordas que poderiam estar sendo depenadas há muitos anos, a exemplo das Americanas. A cervejeira já valeu ouro. Há cerca de pouco mais de década, o ADR chegou perto de US$ 10; hoje na bolsa estava cotado a US$ 2,70. Uma fantástica destruição de valor para quem se anunciava como um Midas. Certamente não era esse case de gestão que Lemann e sua turma queriam ensinar na Eleva, empresa de ensino já vendida pelo trio, cuja proposta era uma educação de excelência para a formação de futuros homens públicos e empresários. Mas a Eleva é um capítulo passado. No momento é a Fundação Zerrener que se contorce em interrogações com o risco que cerca seu principal patrimônio  a instituição também é dona de 3% da Itaúsa. 

Lemann sempre teve um escudeiro na companhia, o conselheiro e co-presidente do Conselho de Administração, Victorio De Marchi. Reza a lenda que foi De Marchi, então diretor-presidente da Antártica, o maior articulador, junto aos funcionários da empresa, da fusão, com pele de aquisição, entre a Brahma e a Antártica. Consta também que De Marchi tem conversado internamente sobre o assunto com os ares de quem já deixou para trás o papel de escudeiro dos “Lemann Brothers”. Talvez surja algum escriba para produzir um livro sobre a “A solidão da queda”, um derivado do que foi feito com Eike Batista. Mas, de qualquer forma, é melhor não subestimar a frieza e capacidade do trio em dar a volta por cima. Afinal, como tem sido demonstrado, auditoria independente, Conselhos de Administração e Fiscal, xerife do mercado de capitais, agências de rating e bancos que ficam escarafunchando as empresas para avaliar a compra das suas ações, no Brasil, são facilmente dribláveis. Que o digam os sócios de referência.

#Ambev #Carlos Alberto Sicupira #Jorge Paulo Lemann #Marcel Telles

XP Investimentos dá uma aula

5/07/2022
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A decisão da XP de criar um curso de treinamento gratuito e pós-pago para 400 estudantes, a maior parte para ingresso futuro nos seus quadros, merece loas. A iniciativa é tudo o que se espera de biliardários como Guilherme Benchimol, dono da corretora. O “MBA XP” é também a oportunidade de relembrar o engenheiro e construtor de catedrais Eliezer Batista, que há mais de uma década desenvolveu estudo pioneiro sobre o papel das grandes empresas no ensino nacional.

A exemplo do Japão, Batista defendia que empresas como Petrobras, Vale, Ambev, Bradesco ou Itaú “fizessem suas universidades”, próprias ou vinculadas a terceiros (com apoio a turmas específicas), com o objetivo de preparar capital humano para alimentar em grande parte o consumo próprio. Os alunos seriam altamente qualificados. Todos teriam de disputar, em concurso, com os demais interessados nos empregos da fomentadora educacional.

A “universidade das empresas” daria bolsas para parcela dos estudantes. Batista achava que o governo deveria entrar somente para pressionar. Mas os negócios seriam privados. Eliezer Batista deve estar dando um aceno sorridente para a XP.

#Ambev #Bradesco #Eliezer Batista #Petrobras #XP Investimentos

Universidade Burger

10/05/2022
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Jorge Paulo Lemann voltou a ser o velho Jorge Paulo com a venda da Eleva, uma escola para príncipes, com mensalidades de até R$ 10 mil? Nada. Jorge Paulo é o mesmo Lemann de sempre, o que compra, junta, reestrutura e vende. No caso do setor de educação, há vantagens adicionais: entre a aquisição e a desmobilização, o bilionário ainda deu uma “marketada” em sua imagem, um lustro ESG colateral aos seus empreendimentos centrais. Seus ativos para valer são os que ora embriagam (Ambev), ora levam à obesidade (Heinz e Burger King). É provável que o empresário compre uma escola para criar um instituto das diversidades ou uma universidade ESG. São bons hedges para quem vem se equilibrando no fio do imposto do pecado, ou seja, o tributo sobre alimentos com açúcares e bebidas alcoólicas que Paulo Guedes ensaia criar desde o início do governo. De  qualquer forma, é melhor um “Jorge Paulo green”, a despeito de intenções marqueteiras.

#Ambev #Eleva #ESG #Jorge Paulo Lemann #Paulo Guedes

Petrópolis aumenta a levedura contra a Ambev no Cade

9/05/2022
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A concorrência está se unindo contra a Ambev e suas práticas comerciais. Segundo o RR apurou, a Petrópolis, de Walter Faria, estuda se juntar à Heineken no processo movido no Cade contra a cervejeira de Jorge Paulo Lemann e cia. De acordo com a mesma fonte, a fabricante da marca Itaipava pretende entregar, nas próximas semanas, farta documentação com o objetivo de comprovar que a Ambev adota práticas anti-concorrenciais, como venda casada e proibição de que parceiros comerciais comprem bebidas de competidores.

Há pouco mais de um mês, a Heineken protocolou uma petição no Cade acusando a líder do mercado brasileiro de manter contratos de exclusividade com bares e restaurantes em 11 capitais que ferem a legislação antitruste. Dona de aproximadamente 60% do mercado cervejeiro nacional, a Ambev é useira e vezeira em ser acusada de concorrência desleal. Em 2015, a companhia firmou um Termo de Compromisso de Cessação (TCC) com o Cade, comprometendo-se a limitar contratos exclusivos de venda. Na ocasião, foi punida por exigir de comerciantes acordos de exclusividade no âmbito do programa de fidelidade “Tô Contigo”.

Após uma renegociação com o órgão antitruste, a empresa conseguiu reduzir o valor da multa de R$ 359 milhões para R$ 229 milhões, o equivalente a apenas 0,8% da sua receita líquida naquele ano de 2015. Consultada sobre a petição da Heineken junto ao Cade, a Ambev informou que “suas práticas de mercado são regulares e respeitam a legislação concorrencial brasileira.” A empresa afirmou ainda que “em 2020, o Cade atestou que o termo de ajuste de conduta acordado em 2015 estava integralmente cumprido. Mesmo sem ter a obrigação, continuamos monitorando os mesmos indicadores em todas as regiões do país e eles seguem dentro do acordado anteriormente.” Também consultada, a Petrópolis não se pronunciou.

#Ambev #Cade #Heineken #Petrópolis

Fundos de pensão abrem nova frente de batalha contra a Ambev

7/04/2022
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Previ, Funcef e Economus, fundo de pensão da antiga Nossa Caixa, vão voltar à carga contra a Ambev. Segundo o RR apurou, o trio estuda entrar na CVM com uma nova ação contra a cervejeira de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. As três fundações, que detinham bônus de subscrição emitidos pela antiga Brahma em 1996, alegam ter direito a convertê-los em ações da própria Ambev.

Somente Previ e Funcef calculam o seu prejuízo em R$ 4 bilhões. Cabe lembrar que o colegiado da CVM já se posicionou favoravelmente à fabricante de bebidas por duas vezes, a última em 2004. Os fundos de pensão, no entanto, acreditam que desta vez têm munição de maior calibre contra a Ambev.

De acordo com a fonte do RR, nos últimos anos a cervejeira teria firmado acordos sigilosos com outros detentores de bônus da Brahma, entre os quais um grande banco, para encerrar ações administrativas e judiciais. No entendimento das fundações, seria uma “confissão de culpa” da companhia. Procurada pelo RR, a Ambev não quis se pronunciar.

Previ, Funcef e Economus também não se manifestaram. A CVM, por sua vez, informou que “até o momento, não recebeu reclamação com o teor objeto da demanda”. Além do front regulatório, a batalha se desenrola nos tribunais, onde a AmBev também saiu em vantagem. O STJ deu ganho de causa à cervejeira, entendendo que os bônus não deveriam ser convertidos em ação. Agora, os fundos de pensão tentam reverter essa decisão no STF.

#Ambev #CVM #Economus #Funcef #Jorge Paulo Lemann #Previ #STJ

Mudanças no cardápio societário

3/11/2021
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Os filhos de Carlos Wizard, sócios minoritários da IMC (International Meal Company), estariam procurando um comprador para suas participações na empresa. A saída seria mais um indicativo do fortalecimento do principal acionista da companhia, a UV Gestora, de Lucas Rodas, genro de Beto Sicupira. Nos últimos meses, nomes ligados a Sicupira e, consequentemente, a Rodas chegaram na IMC. Luiz Edmond, ex- CEO da AmBev, assumiu uma cadeira no board. Já Alexandre Santoro tornou-se presidente da empresa. Santoro foi executivo da antiga ALL, quando controlada por Sicupira, Lemann e Marcel Telles.

#Carlos Wizard

Tirando onda

18/10/2021
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Segundo o RR apurou, a Heineken estuda formas de capitalizar sua decisão de não aumentar os preços de seus produtos no último trimestre do ano. Uma das ideias sobre a mesa é o lançamento de uma campanha publicitária. Seria uma estocada com endereço certo: a AmBev reajustou os valores de suas cervejas em outubro.

#Heineken

Cerveja gelada

5/10/2021
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A Heineken está rondando a cervejaria paraense Cerpa, que por muito tempo esteve na mira da AmBev.

#Ambev #Heineken

Um pé fora da BR Distribuidora

25/05/2021
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Após reduzir sua participação em Vale, Ambev e Petrobras, entre outras, a Previ estaria se preparando para zerar sua participação na BR Distribuidora, de pouco mais de 3%.

#Previ

Burger King e IMC podem dividir a mesa

29/04/2021
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O Burger King, de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, e a International Meal Company (IMC), leia-se Carlos Wizard, estariam negociando uma combinação de ativos. Segundo informações apuradas pelo RR, as hipótese sobre à mesa iriam desde uma associação da rede de hambúrgueres com uma das marcas operadas pela IMC – a exemplo da KFC, Pizza Hut e Viena – à fusão entre os dois grupos. Neste último caso, muito provavelmente caberia ao Burger King, que tem o dobro de tamanho, ensanduichar a IMC. O M&A daria origem a um grupo de fast food com 1,3 mil restaurantes e faturamento somado de R$ 3,3 bilhões.

Ressalte-se que a trinca Jorge Paulo Lemann, Marcelo Telles e Beto Sicupira já tem uma “cabeça de ponte” na IMC. A UV Gestora, um dos acionistas do grupo, pertence ao investidor Lucas Rodas, genro de Sicupira. A interseção não se limita a Rodas. Por sua influência, dois nomes ligados a Lemann chegaram recentemente à empresa. Luiz Edmond, ex-CEO da AmBev e da Anheuser Busch, tornou-se conselheiro. Já novo CEO da IMC, Alexandre Santoro, foi executivo da antiga ALL, quando a operadora ferroviária era controlada pelo 3G Capital, de Lemann e cia.

#Burger King #IMC

Agenda fora de hora

12/05/2020
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Jair Bolsonaro comprometeu-se com parlamentares do Amazonas – à frente o senador Eduardo Braga – em conceder um novo aumento do crédito tributário sobre o IPI para os fabricantes de refrigerantes da Zona Franca. Em fevereiro, Bolsonaro assinou decreto estipulando um benefício de 8%. A indústria, que reúne dos pesos-pesados AmBev e Coca-Cola a fabricantes locais, como Amazon e Magistral, quer um aumento gradativo dos créditos até 16%. Trata-se de uma agenda cheia de arestas: o Ministério da Economia já foi contrário ao decreto de fevereiro. Imaginem em relação à extensão do benefício…

#Ambev #Coca-Cola #Eduardo Braga #Jair Bolsonaro

Vírus das redes sociais ataca a AmBev

5/02/2020
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Por mais inusitado que possa parecer, o coronavírus está dando trabalho à área de comunicação da AmBev. A incansável e cruel fábrica de memes das redes sociais e do WhatsApp tem produzido farto material associando a doença à cerveja Corona, comercializada pela empresa. No Google, as consultas vinculando a bebida à enfermidade também dispararam. É o que mostra a ferramenta Google Trends. Na semana de 26 de janeiro a 1 de fevereiro, as buscas com os termos “Corona”, “cerveja” e “vírus” associados atingiram a marca de 100 pontos, o pico na escala de medição do contador.

#Ambev #Google Trends

Para a InBev, cerveja é substantivo masculino

20/01/2020
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Recomenda-se a Jorge Paulo Lemann prestar mais atenção às políticas afirmativas que não estão sendo praticadas nas suas empresas. A Brahma, que integra o conglomerado cervejeiro de Lemann, enfrenta uma crise de imagem na Argentina. A marca teve de tirar do ar, às pressas, a campanha publicitária da “Brahma Lime”. No filmete, uma moça na praia é puxada por um grupo de banhistas, predominantemente homens, levada para o mar e forçada a tomar um gole da cerveja. A reação foi imediata.

A cervejeira passou a ser atacada nas redes sociais e criticada por entidades de defesa dos direitos femininos devido ao tom sexista do anúncio. “Misógina”, “ginecófoba” “violenta”, “machista” foram alguns dos termos usados em referência à Brahma. A repercussão chegou a tal ponto que, no último dia 12, a ministra de las Mujeres, Géneros y Diversidad da Argentina, Elizabeth Gómez Alcorta, se manifestou sobre o assunto no Twitter. Ainda que indiretamente, o episódio respinga na reputação das empresas de Jorge Paulo Lemann no setor de bebidas. Lemann é consagrado como o mais influente acionista da AB InBev, maior fabricante de cervejas do mundo. Esta, por sua vez, controla a Cervecería y Maltería Quilmes, fabricante da Brahma na Argentina, e a brasileira AmBev.

Não é a primeira vez que uma das cervejeiras de Lemann é acusada de misoginia. Em 2015, a AmBev lançou uma campanha da Skol com o mote “Esqueci o não em casa”. A frase ressoou como um debochado contraponto ao “Não é não”, palavra de ordem usada por mulheres contra o assédio sexual. À época, as redes sociais foram invadidas por fotos de mulheres protestando em frente a cartazes da Skol com o dedo médio em riste. A AmBev suspendeu a campanha.

O RR consultou a AmBev, braço da holding AB InBev no Brasil. A companhia ressaltou que “a campanha em questão não é da Cervejaria Ambev, mas da Brahma na Argentina”. Mas repassou um posicionamento da cervejaria argentina. Por meio de nota, a Brahma diz que se desculpa pelo comercial da Brahma Lime e informa que já retirou a campanha  do ar. Já a AmBev afirma “que é reconhecida atualmente por fazer campanhas que valorizam a diversidade e o respeito às pessoas”. Só o tempo vai dizer se a nova postura politicamente correta da AmBev não vai ser efêmera como no passado.

#Ambev #Jorge Paulo Lemann

Coca-Cola e AmBev travam queda de braço fiscal com Paulo Guedes

14/01/2020
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Coca-Cola e AmBev estão usando todo o seu peso na tentativa de reverter a decisão do ministro Paulo Guedes de cortar incentivos fiscais à indústria de bebidas na Zona Franca de Manaus. Empresas menos votadas, de perfil regional, mas igualmente afetadas pela medida – a exemplo de Amazon Refrigerantes e Guaraná Magistral – também participam da tour de force. A articulação passa pelo Congresso. Na última quinta-feira, deputados e senadores do Amazonas se reuniram com o objetivo de traçar uma estratégia para restabelecer, se não integralmente, parte dos benefícios tributários.

O bloco é encabeçado pelos senadores Plínio Vale e Eduardo Braga, líder do governo no Senado. Segundo a fonte do RR, os parlamentares pretendem agendar uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro ainda nesta semana para levar uma proposta de aumento gradativo dos créditos tributários de 4% para 8% sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Consultada sobre o assunto, a Coca-Cola transferiu a responsabilidade da resposta para a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes (ABIR), que, por sua vez, não se manifestou.

Igualmente procuradas, AmBev, Amazon e Magistral também não se pronunciaram. O que está em jogo é algo em torno de R$ 800 milhões. É quanto CocaCola, AmBev e outros fabricantes vão perder em créditos tributários a cada ano com a redução da alíquota. No ano passado, Bolsonaro se sensibilizou com o pleito do setor e da bancada da Amazônia e elevou temporariamente o benefício para 10% do IPI. Em 1º de janeiro deste ano, a alíquota voltou para os 4% fixados ainda no governo Temer. E é lá que Paulo Guedes quer manter esse sarrafo. Já é uma concessão. A vontade mesmo do ministro, que não morre de amores pela Zona Franca e muito menos por renúncia fiscal, era zerar o benefício.

#Ambev #Coca-Cola #Jair Bolsonaro #Paulo Guedes

Mais um “OVNI” pousa na Coca-Cola

9/01/2020
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O Relatório Reservado acertou na mosca, sem trocadilho, ao chamar a atenção para os “OVNIs” – Objetos in vitro não identificados (apud RR) –, leia-se corpos estranhos em garrafas de bebidas. O portal iG publicou, no último dia 6, decisão do juiz Alvaro Luiz Chan Jorge, do 3º Juizado Especial Cível de Taguatinga (DF), condenando a Brasal Refrigerantes, engarrafadora da Coca-Cola, a pagar indenização de R$ 4 mil a uma consumidora. O motivo foi a desagradável experiência de encontrar uma “gosma” em seu refrigerante.
Na ocasião da matéria do RR sobre o tema, na edição de 18 de dezembro de 2019, a newsletter consultou a companhia. A multinacional de Atlanta limitou-se a uma resposta-padrão, robotizada: “Dúvidas sobre os nossos produtos e a segurança de sua fabricação podem ser esclarecidas no site da Coca-Cola Brasil ou pelo 0800-0212121″. Só que o site da empresa não esclarece questões específicas aos “OVNIs”. O surgimento de novo objeto não identificado remonta também à Ambev, co-protagonista da citada matéria. Consultada, a empresa de Jorge Paulo Lemann disse que: “Recebemos poucos relatos de ‘corpos estranhos’ nos nossos produtos – e 100% deles carecem de prova ou são objeto de fraude.” A AmBev prossegue desacreditando a Justiça e a mídia nacional, que validam esses acontecimentos.

 

Leia a matéria que o Ig publicou sobre esse assunto: https://economia.ig.com.br/consumidor/2020-01-06/fabrica-da-coca-cola-e-condenada-a-pagar-r-4-mil-por-gosma-em-refrigerante.html

#Ambev #Coca-Cola

Coca-Cola é líder no mercado de “corpos estranhos”

18/12/2019
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Coca-Cola e Ambev disputam um campeonato particular e nada honroso: o “Torneio de OVNIs” – ou Objetos in Vitro Não Identificados. “Disputa” é força de expressão. A multinacional de Atlanta aparece disparada como a empresa do setor com a maior incidência de corpos estranhos encontrados em suas garrafas. Está tudo no Google. Ontem, às 18h30, o site mostrava 18.300 resultados para a pesquisa “corpo estranho” e Coca-Cola. Ressalte-se que, logicamente, não se trata de um número preciso de casos distintos, dadas as repetições habituais do Google.

Além disso, como se sabe, os algoritmos do site variam ao longo de um mesmo dia. De toda a forma, o que interessa é a amostragem. A primeira menção a um objeto anômalo em um vasilhame da Coca-Cola data de janeiro de 2007. De lá para cá, caso mantidos os números absolutos, a média é de 117 citações por mês ou 3,9 por dia. No caso da AmBev, usando-se também o Google como referência, a mesma busca indica “apenas” 3.290 resultados para “corpo estranho” vinculado ao nome da cervejeira. A primeira referência é de abril de 2008. Ou seja: a contar dessa data, a companhia de Jorge Paulo Lemann apresenta uma média de 23,5 registros por mês encontrados no Google.

Ressalte-se que, por razões óbvias, todos os relatos de corpos estranhos se referem exclusivamente ao consumo em garrafas. Beber uma latinha de Coca-Cola, Brahma ou Skol é um voo às cegas. Os casos relatados, obviamente, são uma gotícula no oceano de bebidas produzido a cada ano por Coca-Cola e AmBev no Brasil. Pode se dizer que o impacto reputacional é até baixo para a delicadeza do assunto em questão. O esforço que as companhias fazem para monitorar redes sociais e grupos de WhatsApp e minimizar a viralização de uma informação desta natureza não é pequeno. No caso da Coca-Cola, essa é hoje uma das principais preocupações da área de comunicação. Procurada, a Coca-Cola limitou-se a dizer que “Dúvidas sobre os nossos produtos e a segurança de sua fabricação podem ser esclarecidas no site da CocaCola Brasil ou pelo 0800-0212121″.

Já a Ambev ignora a realidade, desacredita o Judiciário e culpa o consumidor. “Recebemos poucos relatos de ‘corpos estranhos’ nos nossos produtos – e 100% deles carecem de prova ou são objeto de fraude. Infelizmente, esse tipo de prática acontece no Brasil, em particular na indústria de bens de consumo”. De qualquer forma, mérito para a cervejeira, em tudo melhor do que a Coca-Cola, notadamente na disposição de esclarecer perguntas de interesse público. As companhias em questão são tão mastodônticas que é sempre possível que algum leitor considere que a culpa esteja mais do lado do incauto bebedor de coisas estranhas do que da própria Coca-Cola ou Ambev. Pode ser.

O fato é que o número de casos que chegam à Justiça para um problema que deveria inexistir é razoavelmente expressivo. Em consideração às duas empresas, o RR não vai mencionar alguns dos objetos supostamente encontrados e citados em processos judiciais. A newsletter levantou alguns dos casos mais emblemáticos registrados no noticiário e estocados no Google. Eles falam por si: “Coca-Cola é obrigada a indenizar consumidor por garrafa com ‘elemento estranho’”; “Coca-Cola é condenada a pagar R$ 10 mil a consumidora que achou ‘corpo estranho’ em garrafa em MG”; “Coca-Cola pagará R$ 14,5 mil de indenização por ‘corpo estranho’”; “TJ-BA condena Coca-Cola a indenizar cliente que achou ‘corpo estranho’ em refrigerante”; etc, etc, etc.

Além de ter um número de casos inferior ao da Coca-Cola, um fato chama a atenção em relação à AmBev. Na maioria dos episódios, o nome da companhia não é citado nos títulos de matérias: “Consumidor que encontrou corpo estranho em cerveja será indenizado”; “Corpo estranho em garrafa de cerveja gera indenização de R$ 2 mil em Minas Gerais”; “Justiça condena fábrica de cerveja a indenizar consumidor por material estranho”. Todos os registros são relacionados a produtos da AmBev, mas em nenhum deles o nome da corporação foi para o enunciado. Uma explicação razoável é o fato de AmBev não ser sinônimo de marca e produto, como Coca-Cola. De toda a forma, certamente não é a essa empresa a que Jorge Paulo Lemann se refere quando inclui a Ambev entre os raros exemplos do que dá certo no Brasil.

 

Leia a matéria que o Ig publicou posteriormente em 06/01/2020 sobre esse assunto: https://economia.ig.com.br/consumidor/2020-01-06/fabrica-da-coca-cola-e-condenada-a-pagar-r-4-mil-por-gosma-em-refrigerante.html

#Ambev #Coca-Cola

Lemann assume o “Ministério da Produtividade”

24/04/2019
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Jorge Paulo Lemann, que já tem o seu Endeavor para estimular o empreendedorismo nos jovens e participa de ações empresariais voltadas à capacitação de futuros homens públicos, arrumou outro brinquedo. Vai liderar uma fundação de big bosses para subsidiar o governo com medidas que aumentem a produtividade e melhorem o ambiente dos negócios. Ao lado de Lemann estão nomes como Daniel Klabin, Jorge Gerdau e o indefectível Vicente Falconi, além, é claro, do seu time de futebol: Beto Sicupira, Carlos Brito, Marcel Telles e Alexandre Behring. Seu escrete terceirizará conhecimento com o qual pretende brindar o governo.

O leque de empresários tem a função de injetar combustível financeiro e emoldurar as propostas com seu prestígio. A novidade é a sugestão para que o grupo funcione também como se fosse um comitê de arbitragem das sugestões apresentadas. Assim, quando houver dúvidas entre a adoção das medidas ofertadas ou do governo, o “Comitê Lemann” daria seu veredito. O proselitismo do empresário sob a forma de filantropia não pode ser tachado como algo negativo ou prejudicial à sociedade.

Seu pecado é ser monotônico, tendendo à neurolinguística e à autoajuda. Não bastasse, o discurso de Lemann traz implícito um permanente desconforto com o Brasil, uma senzala administrativa a exigir os processos e práticas que levaram ao sucesso os países e grupos empresariais mais desenvolvidos. Um bom exemplo do que Lemann não é e nem quer ser – por isso o define melhor ainda – foi o grupo dos 14, uma pequena tropa empresarial, extremamente politizada, que assinou um dos mais notáveis capítulos da burguesia nacional, nos anos 80.

Nomes como Luiz Eulálio Bueno Vidigal, Antônio Ermírio de Moraes, Paulo Francine, Cláudio Bardella, José Mindlin e Paulo Vellinho, entre outros, lutaram contra a ditadura, pressionaram o governo para o desenvolvimento da indústria nacional – o setor na década de 80 alcançou 30% do PIB contra os atuais 12% – e fizeram o maior lobby empresarial por investimentos na infraestrutura. Todos eram ligados à economia física, ao contrário da hegemonia financista dos novos vencedores. A nova Fundação de Lemann, noves fora as novidades já mencionadas, deve apresentar mais do mesmo: orçamento base zero, envolvimento do dono da empresa na contratação de capital humano e uma meritocracia radical. O museu de grandes novidades do líder cervejeiro servirá de script para mais um show de narcisismo do dono da Ambev. Lemann tem um ego ciclópico e é campeão de vaidade nas redes, impulsionando seus milhões de aparições. No meio de toda a bizarrice que assola o país, até que não chega a ser mau.

#Ambev #Gerdau #Jorge Gerdau #Jorge Paulo Lemann

Kraft Heinz deixa um rastro de desconfiança

25/02/2019
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A matéria publicada pelo RR na ultima sexta-feira referente à abertura de inquérito contra a Kraft Heinz na SEC gerou questionamentos sobre a extensão do problema e o risco de contaminação das outras empresas dos mesmos acionistas, leia-se a 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann, Marcelo Telles e Carlos Alberto Sicupira. A apreensão do mercado se concentrou sobre a Anheuser-Busch e, por extensão, a AmBev. A newsletter procurou os diversos órgãos envolvidos neste enredo com o objetivo de elucidar essas dúvidas. Consultada se as investigações sobre a contabilidade da Kraft Heinz poderiam, por algum motivo, se estender à Anheuser-Busch, a SEC declinou de responder. Perguntada se recebeu algum contato de sua congênere norte-americana referente a
este episódio, a CVM informou que “não comenta casos específicos”. O RR procurou também a AmBev. Por meio da assessoria de imprensa, a cervejaria enfatizou não ter qualquer relação com a Kraft Heinz, sendo operações absolutamente distintas e independentes. Faz sentido. O mercado, no entanto, parece pensar diferente e já começou a precificar o custo dessa consanguinidade societária. Na sexta-feira, as ações da Anheuser-Busch InBev caíram quase 4% em Londres.

Além da própria empresa, a SEC também intimou a alta administração da Kraft Heinz? O write down de US$ 15 bilhões feito pela companhia tem alguma relação com a investigação? A SEC também não comenta estas questões. Os escritórios Glancy Prongay & Murray e Rosen Law Firm, que, na última sexta-feira, anunciaram a abertura de investigações em nome de investidores da Kraft Heinz, também não quiseram dar detalhes adicionais.

O RR consultou ainda a trinca máxima da classificação de risco no mundo. Fitch e Moody´s não se pronunciaram. Já a Standard & Poor´s informou ter mantido as classificações quanto ao risco de crédito e à dívida da Kraft Heinz. No entanto, revisou a perspectiva de estável para negativa, refletindo uma “potencial classificação mais baixa nos próximos 12-24 meses”. Imagine-se que seja tempo mais do que suficiente para a SEC esclarecer o caso Kraft Heinz, assim como se saber se o episódio respingou em outros negócios da 3G Capital. Tomara que não.

Manaus chora o refrigerante derramado

7/12/2018
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O governador eleito do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e congressistas do estado têm feito uma romaria junto à equipe de transição de Jair Bolsonaro. Levam o pleito de que Bolsonaro revogue o decreto assinado por Michel Temer em setembro, que ceifou os incentivos tributários federais via IPI concedidos a fabricantes de concentrados de bebidas instalados na Zona Franca de Manaus. Lima teme iniciar seu mandato sob uma revoada de empresas e empregos. O receio é que AmBev e Heineken sigam os passos da Pepsico. A Pepsico não se fez de rogada e anunciou o fechamento de sua fábrica na Zona Franca em resposta ao corte dos benefícios fiscais, demitindo cerca de 50 trabalhadores. O governador eleito do Amazonas carrega a esperança de que uma reversão do decreto possa fazer com que a própria multinacional norte-americana volte atrás na sua decisão. A missão de Lima, no entanto, é das mais duras. Como se sabe, Paulo Guedes e sua equipe transpiram hectolitros de antipatia em relação a incentivos fiscais à indústria.

#Jair Bolsonaro

Decreto põe em risco o “IPI da AmBev”

4/07/2018
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A AmBev mobilizou seu pelotão de lobistas no Congresso com o objetivo de derrubar o Decreto 9.394, assinado pelo presidente Michel Temer em maio. No Senado, correm dois decretos legislativos para revogar a decisão presidencial. O Decreto de Temer reduziu de 20% para 4% a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incidem sobre as fabricantes de concentrado (xarope) na Zona Franca de Manaus. À primeira vista, soa como um paradoxo que a AmBev esteja tentando dinamitar o corte no percentual do imposto. Ocorre que, por uma dessas aberrações do sistema tributário brasileiro, o menos representará mais para a cervejeira. O IPI é um tributo não cumulativo, que prevê a apropriação de créditos na entrada de insumos, leia-se, neste caso, o xarope. Esses créditos são compensados na saída do produto final, a bebida. Ou seja: a grande diferença entre as duas alíquotas gera um acúmulo de créditos e pouco imposto a pagar na ponta final. Por conta dessa intrincada característica, o regime em vigor beneficia as fabricantes de grandes volumes de bebida e traz pouco ou nenhuma vantagem para as empresas menores. Não por outra razão é chamado por muitos no setor de “IPI da AmBev”.

#Ambev

Ponto final

4/07/2018
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Procuradas pelo RR, as seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: BR Malls, Aliansce e Ambev.

Lemann & Falconi

4/06/2018
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Jorge Paulo Lemann deverá ser um importante parceiro da Falconi Capital, empresa de private equity criada por Vicente Falconi. Ambos são velhos conhecidos: o consultor Falconi tem extensa lista de serviços prestados à Ambev e a outras empresas de Lemann.

#Falconi Capital #Jorge Paulo Lemann

Lava Jato testa os anticorpos de Walter Faria

16/04/2018
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O RR recebeu informações de que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal estariam preparando uma nova investida sobre Walter Faria e a cervejaria Petrópolis. A ação seria um desdobramento das investigações contra o ex-governador Sergio Cabral e o presidente afastado da Alerj, Jorge Picciani. Segundo a fonte do RR, o caso teria relação com benefícios fiscais recebidos pela cervejeira no Rio de Janeiro durante o governo Cabral, da ordem de R$ 280 milhões. Como contrapartida, a empresa teria feito doações ilegais para candidatos aliados a Cabral em 2014.

Diante da gravidade das informações, a newsletter procurou ouvir os personagens envolvidos. A Polícia Federal disse que “não se manifesta sobre eventuais investigações em curso”. O RR fez seguidos contatos com a Petrópolis, que não quis se pronunciar sobre o assunto, assim como o Ministério Público. As suspeitas remetem ao relacionamento entre Faria e Picciani, que já é alvo da Operação Cadeia Velha, um derivativo da Lava Jato no Rio. Faria é sócio da Tamoio Mineradora, que tem o parlamentar com um de seus acionistas.

O dono da Petrópolis também seria comprador de gado nos leilões realizados pela família Picciani. Faria, no entanto, tem demonstrado uma resiliência que faz lembrar o Paulo Maluf dos bons tempos. Montou um esquadrão de advogados, instalou um bunker de acompanhamento e lobby no Congresso e vem driblando as seguidas denúncias criminais. A Petrópolis aparece na Operação Caixa 3. A Polícia Federal investiga empréstimos no total de R$ 827 milhões concedidos pelo Banco do Nordeste à empresa entre 2013 e 2014 para a construção de duas fábricas – uma na Bahia e outra em Pernambuco.

Faria está citado também na Operação Zelotes. Segundo investigações, a Petrópolis teria sido uma das empresas beneficiadas com o esquema de propinas dentro do Carf. Em outubro do ano passado, inclusive, o próprio Conselho anulou julgamento anterior que havia revertido uma autuação da Receita Federal contra a cervejeira no valor de R$ 8,6 milhões. O Fisco, aliás, é um caso à parte na trajetória da Petrópolis. Em 2005, Faria chegou a ser preso na Operação Cevada, sob a acusação de sonegação de tributos estaduais e federais.

Em 2012, a fábrica da empresa em Boituva (SP) foi alvo de uma operação de busca e apreensão. A cervejeira foi acusada pela Secretaria de Fazenda do estado de sonegar cerca de R$ 600 milhões em impostos entre 2006 e 2011. Em janeiro deste ano, o Conselho de Contribuintes do Estado do Rio de Janeiro confirmou multas da ordem de R$ 1 bilhão contra a companhia. Segundo o relator do processo, “a Petrópolis agiu com “dolo, fraude ou simulação” ao fazer operações triangulares para evitar o recolhimento do ICMS devido. Walter Faria, no entanto, parece imune a tudo e a todos. O próprio crescimento da Petrópolis – imprensada entre o “monopólio” da Ambev e o avanço da Heineken – é um sinal da sua capacidade de sobrevivência em condições adversas. Contra todas as apostas, que a classificavam como presa fácil, a companhia tem resistido ao processo de consolidação do setor cervejeiro. Faria é praticamente intocável.

#Cervejaria Petrópolis #Ministério Público #Walter Faria

“Furo certo” é o candidato do RR para 2018

29/12/2017
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No 12 de maio, quando ainda vigorava a projeção de R$ 139 bilhões, o Relatório Reservado informou que o déficit primário em 2017 ficaria acima dos R$ 154 bilhões do ano passado. Bingo! Deu R$ 159 bilhões na cabeça. Esta foi uma das mais reveladoras bolas de cristal do RR no ano. Ao longo de 2017, a newsletter deu, em primeira mão, 2.582 informações; citou 298 corporações dos mais diversos setores, mencionou 1.122 personagens centrais na cena brasileira, entre dirigentes empresariais, políticos e autoridades. Os oráculos do RR estão sempre em alerta!

Ao longo do ano, o RR antecipou várias das fórmulas que compuseram o receituário de Michel Temer e Henrique Meirelles, seja entre medidas efetivamente adotadas, seja entre propostas que não saíram do papel: da segunda perna da repatriação à securitização de imóveis e outros ativos da União, passando pelo uso de precatórios – leia-se depósitos judiciais não sacados pelos credores há mais de dois anos – para o equilíbrio fiscal. O RR foi também a primeira publicação a revelar, em 21 de fevereiro, a disposição do presidente Temer em extinguir a Reserva Nacional do Cobre (Renca). Temer assinou embaixo o furo do RR, só que a lápis: anunciou o fim da Renca, mas não suportou as manifestações contrárias e voltou atrás em sua decisão.

Por falar em sístoles e diástoles presidenciais, em 16 de janeiro o RR informou que Michel Temer empurraria para seu sucessor a reforma da Previdência dos militares. Aliás, em algumas ocasiões ao longo de 2017, as Forças Armadas, notadamente o Exército, foram empurradas, por “aproximações sucessivas”, para o centro das crepitações político-institucionais. A Corporação, no entanto, não arredou um só milímetro do seu ponto de equilíbrio muito em função da capacidade de liderança do Comandante Eduardo Villas Bôas, não obstante suas notórias limitações decorrentes de uma doença degenerativa – informação, aliás, divulgada com exclusividade pelo RR em 13 de março.

A Lava Jato parece ter entrado em processo de fade out. Ainda assim, em 2017, o RR perscrutou os passos de seus principais protagonistas. O reino de crimes de Sérgio Cabral foi virado e revirado pelo Ministério Público, pelo Judiciário e pelas fontes da publicação. Em 1 de fevereiro, a newsletter antecipou a investida da Lava Jato e de sua consorte Calicute sobre Regis Fichtner, secretário da Casa Civil durante do governo Cabral. No dia 20 do mesmo mês, o Relatório noticiou que o MPF exumava os benefícios fiscais concedidos em sua gestão. Em 23 de outubro informou que o ex-secretário de Saúde do Rio Sergio Cortes havia revelado aos procuradores um esquema para a compra de vacinas, medicamentos e próteses, o que viria a ser amplamente divulgado pela mídia na primeira semana de novembro.

No noticiário corporativo, a publicação antecipou, em 20 de fevereiro, uma das maiores operações de M&A do país em 2017 – e, convenhamos, não foram muitas: a venda da Votorantim Siderurgia para a ArcelorMittal. A negociação seria oficialmente anunciada três dias depois. Ainda em fevereiro, o RR informou que a área de refino também entraria no plano de desmobilização de ativos da Petrobras, decisão confirmada pelo presidente da estatal, Pedro Parente, em abril. A newsletter revelou também o cheiro do ralo da AmBev: na edição de 18 de janeiro, trouxe à tona o relatório, àquela altura inédito, do analista do HSBC Carlos Laboy, listando 15 graves problemas da cervejeira: do uso de caixas sujas com odor de cerveja podre no assoalho à falta de uma estratégia para as bebidas alcoólicas.

A fama de “pé sujo” custou muito em marketing e propaganda para a empresa de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Da economia real para a “virtualíssima”, o RR acertou em cheio, mais uma vez, na edição de 15 de setembro, quando informou que o BC e a CVM haviam criado grupos de  trabalho para acompanhar o crescimento do mercado de bitcoins no país. Ao apagar das luzes de 2017, só para não variar, mais um furo se consuma: a venda da Unidas à Locamerica, noticiada em junho. Por fim, um furo de reportagem, que vale mais pela admiração da newsletter em relação ao personagem: em 27 de janeiro, o RR informou sobre o lançamento da biografia do então presidente do Conselho do Bradesco, Lázaro Brandão.

#Henrique Meirelles #Jorge Paulo Lemann #Michel Temer #Pedro Parente

Eletrobras reluz aos olhos de Jorge Paulo Lemann

1/09/2017
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Não é novidade nos corredores da Eletrobras o interesse da trinca Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira na privatização da companhia. Trata-se de um casamento de interesses quase perfeito, a despeito do mérito da venda da empresa e do modelo a ser escolhido. Lemann está para a Eletrobras assim como um ketchup para um hambúrguer. A holding de energia elétrica seria um monopólio sob medida para os seus atributos e sua consagração como empresário do setor real da economia.

A gestora 3G Radar, associada da 3G Capital, do trio Lemann/Telles/ Sicupira, já é acionista minoritária da Eletrobras. Ela está vasculhando informações sobre a estatal, produzindo relatórios e colaborando informalmente com a modelagem da operação. Um dos quadros da 3G Radar é um interlocutor constante do Ministério de Minas e Energia.

Para o governo, a atração de Jorge Paulo Lemann vai ao encontro do seu cronograma prioritário: a privatização da Eletrobras tem de sair em 2018. O megaempresário traz a grife do sucesso internacional, carrega a bandeira verde amarela, é altamente capitalizado, tem crédito no mercado, é um gerador de ebitda, tem uma tradição de reestruturação de custos e ganhos de eficiência e será bem precificado pelas bolsas. Para Lemann, quanto maior for a barafunda nos passivos, contingências, contratos etc., mais atrativo torna-se o negócio.

A contradição em termos explica-se pela assimetria de competências: o que é um problema para uns é a oportunidade para o notório desbravador de complicados M&As. E a política? E a exposição da Eletrobras nesse universo de interesses locais? Não seria nada do outro mundo.

A Ambev deu a Jorge Paulo Lemann a experiência de lidar com as bancadas regionais de parlamentares do Brasil inteiro. E a disposição do governo em criar uma corporation com controle pulverizado? Moleza para Lemann montar uma engenharia que lhe permita ter o “controle sem ter o controle”. Basta lembrar do nascimento da Imbev, a associação entre a Ambev e a belga Interbrew.

#3G Capital #Eletrobras #Jorge Paulo Lemann

Copo furado

26/07/2017
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Segundo informações filtradas da AmBev, a empresa amargou nova queda do Ebitda no segundo trimestre. O recuo em relação a igual período em 2016 deverá girar em torno dos 8% – os resultados serão apresentados amanhã. Se serve de alento, no primeiro trimestre deste ano a redução do Ebitda foi ainda mais difícil de engolir (17%). Consultada, a AmBev não se manifestou, alegando estar em período de silêncio.

#Ambev

Atingida por Palocci

6/06/2017
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A Ambev será uma das empresas atingidas pela delação de Antonio Palocci. Segundo fonte do Ministério Público, a denúncia passa pela concessão de benefícios fiscais na Amazônia.

#Ambev #Antônio Palocci

Ambev bancária

12/05/2017
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O Itaú está comprando startups a granel. A estratégia é parecida à da Ambev com as pequenas cervejarias premium: comprar para matar a indústria nascente antes que ela o mate.

#Itaú

Há muita espuma no market share da Ambev

8/05/2017
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Há dúvida se o avanço de market share da Ambev no primeiro trimestre é sustentável ou se a empresa simplesmente comprou mercado com ações custosas de marketing e preços. A companhia expandiu em 3,4% seu volume de vendas no período contra uma queda de 2% de todo o mercado. O resultado, porém, foi obtido com um recuo do Ebitda de 23,8%. Ou seja: a cervejeira vendeu muito mais e ganhou bem menos. A empresa atribui a queda do lucro à apreciação do real. O resultado do segundo trimestre será determinante para o tira-teima se a Ambev está realmente aumentando a produtividade ou apenas fazendo o que as empresas com o perfil monopólico fazem em situações de queda dos mercados: usar seu poder de fogo com ações agressivas, assimétricas em relação à concorrência, quase abusivas, para deslocá-las ainda mais na distância do market share. Essa prática, na maioria das vezes, visa mais as cotações em bolsa do que o avanço consistente dos resultados.

#Ambev

Cerveja choca

11/04/2017
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O súbito afago de Pezão à Ambev deverá ficar só na vontade. O Ministério Público do Rio já pediu à Justiça para barrar o projeto de lei do governo do Rio que dá à cervejeira R$ 650 milhões em isenções fiscais nos próximos 20 anos. Em média, são R$ 32 milhões por ano, o suficiente, por exemplo, para pagar de uma só vez as dívidas da Uerj com fornecedores (R$ 26 milhões).

#Ambev #Pezão #UERJ

AmBev segura preço com rédea curta

5/04/2017
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Nada como a concorrência. Segundo relatório recém-elaborado pelo Bradesco, ao longo de 2016 a AmBev reajustou seus preços em apenas 1%. O índice ficou abaixou do aumento promovido pela Heineken (2%) – ambos bem inferiores à inflação de 2016 (6,29%). Como se não bastasse este confronto direto, que ganhou mais levedura com a venda da Brasil Kirin para os holandeses, a empresa de Jorge Paulo Lemann está segurando seus preços na tentativa de recuperar o terreno perdido em 2016. No ano passado, a AmBev amargou uma redução das vendas de 6,6% e uma queda de market share de 67,5% para 66,3%. Parte do mercado que deixou pelo caminho foi absorvida pela própria Brasil Kirin, que aumentou o volume de cerveja comercializado em 1,3%. Vale lembrar que cada pontinho percentual perdido representa mais de R$ 800 milhões de receita anual que escorrem pelo ralo.

#Ambev #Brasil Kirin #Heineken #Jorge Paulo Lemann

Ambev de porre

22/03/2017
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A Ambev, que detém 66% de market share no país, entrou com uma representação no Cade reclamando que a Heineken vai concentrar mercado após a compra da Brasil Kirin. Non sense puro. A Heineken vai ficar com um pouquinho mais de 19%. Se continuar disparatando, a Ambev vai acabar acusando a Cervejaria Piau, do Piauí, de alcançar 0,111111% de mercado.

#Ambev #Heineken

Heineken sobe a temperatura do mercado cervejeiro

9/03/2017
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A aquisição da Brasil Kirin é o ponto de partida do grande projeto de expansão da Heineken no mercado brasileiro, que passa por expressivos investimentos em distribuição, expansão da rede de re-venda e consolidação de ativos. A companhia adotará uma estratégia de marketing mais agressiva, focada nos pontos de venda, com o intuito de disputar espaço consumidor a consumidor. Não é para menos: cada ponto a mais de market share no setor significa uma receita anual próxima dos R$ 800 milhões.

No entanto, para matar a sede dos holandeses no mercado brasileiro só mesmo com novas aquisições. Neste caso, todos os caminhos apontam na direção da Petrópolis. A companhia é vista como uma presa enfraquecida por uma conjunção de fatores. Habituada a disputar a vice-liderança do setor, a fabricante da Itaipava ficou em uma posição difícil. Com aproximadamente 13% de share, viu a Heineken abrir uma boa distância ao saltar de 9% para 17%. Outro ingrediente nessa levedura é a Lava Jato.

O avanço das investigações sobre Walter Faria e a Petrópolis fragiliza a companhia e pressiona o empresário a deixar o negócio. Ressalte-se que os problemas fiscais de Faria vão muito além da Lava Jato. Uma eventual aquisição da Petrópolis pela Heineken criaria uma circunstância até pouco tempo inimaginável, com o surgimento de um concorrente capaz de arranhar a condição de quase monopolista da Ambev.

Até porque a cervejeira de Jorge Paulo Lemann e cia. tem contribuído para esse cenário com seus próprios erros estratégicos. Há sete anos, segundo a Nielsen, a Ambev dominava 70% das vendas de cerveja no Brasil. De lá para cá, seu market share caiu para 66%. Há controvérsias. De acordo com os dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal, sua participação não passa de 58%. No caso de compra da Petrópolis, a Heineken passaria a ser uma “Meia Ambev”, com 30% do mercado.

A Ambev corre sério risco de ver essa diferença cair ainda mais caso não resolva problemas crônicos. Segundo relatório do analista Carlos Laboy, do HSBC Securities, divulgado no dia 2 de março, a “estratégia de marketing adotada pela companhia nos últimos anos fracassou no sentido de convencer os consumidores sobre o valor e a diferença das marcas”. Na sua avaliação, a “empresa se recusa a admitir as falhas mercadológicas, se limitando a classificar a situação como temporária”.

#Ambev #Brasil Kirin #Cervejaria Petrópolis #Heineken #Jorge Paulo Lemann #Walter Faria

Uma cerveja que vale ouro

7/03/2017
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Há apenas quatro meses no cargo, a vice-presidente de marketing da Pepsico no Brasil, Daniela Cachich, tem sido intensamente cortejada por head hunters. De onde vêm os caçadores? No setor, há quem diga que a AmBev pagaria o que fosse para ter a executiva que até outubro do ano passado comandava toda a estratégia de vendas da Heineken no Brasil. Ainda mais agora que os holandeses compraram a Brasil Kirin.

#Ambev #Brasil Kirin #Heineken #Pepsico

Ambev quer o controle total de seus recipientes

14/02/2017
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Baratas, insetos, mosquitos, dejetos… Segundo uma fonte do RR, a Ambev teria criado uma força tarefa para buscar o estado da arte em como lidar com os casos de invasão dos seus recipientes. São episódios raros, sem dúvida, mas que podem ser verificados no Procon e em sites como Conjur e Reclame Aqui. Algumas das questões relevantes que fazem parte da agenda permanente são as seguintes: a contrapartida espontânea da empresa; como lidar com a exposição nos sites de busca; como tornar cada vez mais amigáveis os textos de resposta aos clientes lesados; a utilização de robôs e outras ferramentas sofisticadas para influir na internet; indenizações e aspectos jurídicos, entre outros.

O problema para a companhia não é de ordem pecuniária, pois a indenização nesses casos varia entre valores baixos, de R$ 2 mil a R$ 20 mil. O impacto na comunicação, contudo, é explosivo. Um exemplo: a notícia de ingestão de um inseto. O referido caso aconteceu no município de Timon, no Maranhão, em 2013, quando três consumidores entraram na Justiça para processar a empresa devido à existência de uma barata no fundo de uma garrafa de cerveja. Eles sentiram um gosto estranho, olharam para o fundo e encontraram o lepidóptero. Há um filme na internet sobre o episódio.

Ainda em 2013, um ano difícil para a Ambev devido ao surgimento inusual de corpos estranhos nos recipientes, dois consumidores de Bento Ferreira, bairro de Vitória (ES), também acharam uma barata em uma garrafa da cerveja Stella Artois. Na época do ajuizamento do caso, os tribunais consideravam que só os casos de ingestão dos insetos eram passíveis de indenização. O STJ deu um cavalo de pau na legislação, garantindo que a simples exposição ao risco deveria ser indenizada. Para não dizer que não falamos mais de 2013, em outubro do mesmo ano, um consumidor de Rio Claro (SP) encontrou um corpo estranho na sua Skol. O consumidor entrou em contato com a Ambev e mostrou a garrafa lacrada, mas era um sujeito boa gente e não fez boletim de ocorrência por considerar que aquele seria um “caso isolado, e a empresa iria resolver da melhor maneira”.

No ano de 2014, mais precisamente em maio, conforme pode ser constatado no site Reclame Aqui, um consumidor encontrou um dejeto em uma garrafa da marca Bohemia. Conversa ali, conversa lá, a companhia propôs como brinde dois fardinhos de cerveja. Não houve acordo e o consumidor entrou no Procon. Bem mais próximo, em 2016, uma consumidora se preparava para abrir sua garrafa de um litro da cerveja Brahma, quando identifi cou um “OTNI (Objeto Terrestre Não Identificado)” no fundo do recipiente. E tome de Procon.

Procurada, a Ambev “nega veementemente a criação de qualquer comitê dessa natureza”. A cervejaria afirma seguir “as melhores práticas e padrões de qualidade reconhecidos internacionalmente” e ressalta que a “informação é totalmente improcedente.” De toda a forma, a empresa merece ser elogiada por responder com franqueza às queixas dos consumidores relacionadas a objetos estranhos, tanto em seu SAC quanto em sites de acesso público.

#Ambev #Procon

Ambev, sempre Ambev

26/01/2017
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Falar das mazelas da Ambev parece déjà vu. Mas como não registrar o novo relatório do analista Carlos Laboy, do HSBC, detonando a cervejeira? Além dos problemas de marketing e da operação, Laboy critica a postura da empresa em não compartilhar suas iniciativas de políticas públicas. Como se sabe, responsabilidade social não é com a Ambev.

#Ambev #HSBC

O cheiro de ralo da Ambev

18/01/2017
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Em relatório divulgado ontem, o HBSC detonou a Ambev, listando 15 problemas: desde a baixa diferenciação das marcas com a decisão deliberada de usar garrafas e engradados genéricos para confundir os clientes, passando por caixas sujas com o cheiro pungente de cerveja podre no assoalho dos supermercados até a falta de uma estratégia para as bebidas alcoólicas mistas gaseificadas. O analista Carlos Laboy disse que “jamais poderia ter esse tipo de preocupação com uma marca do porte da Ambev”.

#Ambev #HSBC

Ambev capricha no colarinho para encobrir seus seguidos fracassos

10/01/2017
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A ordem na Ambev é seguir o modelo Temer/Meirelles e embalar algumas boas iniciativas de marketing com intenções de investimentos cacarecos para ter o maior volume de informações otimistas e sair espumando pela imprensa. Nos últimos dias, a companhia anunciou uma fábrica de cervejas especiais em BH que será aberta à visitação, deu visibilidade à sua participação no Fórum das Empresas e Direitos LGBT, lançou uma nova linha de bebidas para o público jovem (é preciso garantir o consumidor do futuro) e divulgou sua entrada no segmento de água mineral. Diriam os inebriados pela inocência: a Ambev está imbuída da sua missão de praticar a transparência como toda boa companhia aberta que se preze.

A explicação enche apenas um terço do copo. O restante estaria ligado à estratégia de comunicação, no que a cervejeira, como notória e intensa produtora de malefícios à sociedade, tornou-se uma mestra. A Ambev mimetiza os males à saúde que provoca. É para parecer coincidência, mas as good news divulgadas em série enevoam uma caravana de insucessos no ano passado.

Os resultados de junho a setembro tiveram gosto de cicuta. A geração de caixa no Brasil despencou 31,3%, a maior queda da história da companhia para um único trimestre. A margem Ebitda escorreu pia abaixo, caindo 13,3%. Seu market share cai seguidamente. A linha de montagem de notícias positivas tem como objetivo sinalizar um 2017 mais próspero. Mais do que isso: busca fazer com que a bateria de novos projetos cumpra o seu papel de lobby, desestimulando a ideia da Fazenda de cobrar uma contribuição tributária maior da empresa.

Nesse toma lá, dá cá, a boa vontade dos novos investimentos não combinaria com mais impostos. São bons os motivos, portanto, para os cervejeiros emudecerem sobre a queda de market share, resultados fi nanceiros cadentes, os questionamentos à até então deificada gestão da companhia e o mau momento do ambiente social-trabalhista por que atravessa a empresa. Que tempo ruim,que nada! Se depender do marketing da Ambev, até o sol inclemente que torra a cabeça dos brasileiros nesse verão severino foi produzido para que o consumo da “loura” aumente. A cervejeira elevou a máxima de Ricúpero ao paroxismo: “O que é bom a gente fatura; o que é ruim a gente esconde.”

#Ambev

Um infeliz Natal para a AmBev e todo o lobby da indústria cervejeira

15/12/2016
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O Ministério da Fazenda e a Receita Federal estão embrulhando um presente de grego para a indústria de bebidas frias. A intenção é passar a sacola no setor, ampliando consideravelmente a carga tributária, leia-se IPI e PIS/Cofins. A proposta em estudo é criar um diferencial ainda maior entre os impostos cobrados sobre refrigerantes, isotônicos e afins e sobre cervejas. A iniciativa vai contra a expectativa dos próprios fabricantes, que contavam com uma trégua após o reajuste de maio do ano passado, quando os tributos sobre bebidas frias cresceram, em média, 10%.

A estimativa do Fisco é arrecadar até 2018 um adicional entre R$ 3,5 bilhões e R$ 5 bilhões sobre os valores projetados para 2016, ou seja, o equivalente a quase 10% do total de recursos que foram repatriados neste ano. A AmBev, com cerca de 67% de market share e R$ 26,3 bilhões de receita líquida no país, será inexoravelmente a mais atingida, contribuindo com algo em torno de dois terços da arrecadação tributária almejada. O aumento dos impostos deixa a líder do setor em uma sinuca de bico. Se não majorar o preço das cervejas e repassar o repique tributário para o consumidor, a AmBev perderá rentabilidade, que já é cadente. Se soltar os preços, perde mercado, uma vez que a concorrência tem corrigido seus valores em patamares inferiores.

O governo vem buscando à lupa os setores que têm possibilidade de aumentar sua participação no total de impostos. A indústria do tabaco, tradicionalmente gravada nessas circunstâncias em que é necessário reforço do caixa fiscal, deve escapar ilesa, ao menos por enquanto, devido à ineficácia do reajuste sobre a arrecadação. Explica-se: devido à confessa falência da Receita e da Polícia Federal em coibir o contrabando dos cigarros pela fronteira, a situação levou a um paradoxo, ou seja, quanto maior a mordida do Leão, maior o comércio ilegal e, consequentemente, menor o bolo tributário. Neste caso, o papel que a AmBev desempenha no setor cervejeiro é representado pela Souza Cruz, com sobras: a empresa tem 78% de participação nas vendas de cigarros. Se quisesse confrontar à vera o mais do que provável lobby das cervejeiras contra o aumento de impostos, o governo teria argumentos a granel.

A participação da cerveja nos índices de alcoolismo tem crescido exponencialmente. Entre 2000 e 2013, a população brasileira aumentou cerca de 30%, segundo dados do IBGE. Nesse período, a produção da bebida subiu 200%, passando de cinco bilhões para 15 bilhões de litros/ano. Os efeitos maléficos não ficam restritos ao fígado. O consumo de cerveja é o principal causador da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), que rivaliza com a microcefalia. A cada hora nascem no Brasil três crianças portadoras da enfermidade, ou 30 mil por ano. A SAF provoca déficit de crescimento, alterações faciais e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. É considerada a maior causa de déficit intelectual prevenível no mundo. E pensar que uma lata de cerveja no Brasil chega a custar mais barato do que um refrigerante.

#Ambev

Ponto final

15/12/2016
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As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: AmBev e Funcef.

Carnaval da crise

14/12/2016
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A pouco mais de dois meses dos des?les, vários camarotes do sambódromo carioca estão encalhados. Empresas que costumavam cair na folia, como a AmBev e a enferma Unimed-Rio, desistiram da avenida. Os preços, entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões, não combinam com um PIB de 4,4% negativos.

#Ambev #Unimed

Air Products quer IBG para blindar sua posição no Brasil

27/09/2016
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 A norte-americana Air Products estaria em negociações para a compra da Indústria Brasileira de Gases (IBG). Segundo fontes familiarizadas com a operação, estima-se que o acordo alcance os R$ 300 milhões. Controlada por ex-executivos do setor capitaneados por Newton Oliveira, a companhia faturou no ano passado cerca de R$ 200 milhões. Seus contratos em carteira representam pouco mais de 3% das vendas de gases industriais do país. Em números absolutos, o índice soa modesto. No entanto, a IBG é a última empresa nacional com participação de mercado razoavelmente significativa que ainda não caiu na rede de grupos estrangeiros.  Ao fechar a aquisição, a Air Products dará dois tiros certeiros com um só disparo. Elevará sua participação de mercado para algo em torno de 15% (com R$ 1,7 bilhão em vendas anuais) e automaticamente vai tirar de circulação um ativo capaz de alterar a posição de forças do setor. Uma das preocupações dos norte-americanos é se proteger de uma eventual ofensiva da alemã Linde sobre a IBG. Neste caso, os germânicos ultrapassariam a própria Air Products e tomariam a vice-liderança do segmento, com 14%. É o possível para os “meros mortais” do setor. A Praxair, uma espécie de AmBev dos gases industriais, segue inatingível no topo do mercado, com 63% de participação. Procurada, a IBG nega a venda do controle. Já a Air Products não quis se pronunciar.  A Air Products passou recentemente por maus bocados. Condenada por formação de cartel em um processo que tragou todos os grandes grupos do setor, foi multada pelo Cade em R$ 226 milhões. Os norte-americanos ameaçaram encerrar suas operações no país caso tivessem de desembolsar esse valor, uma mordida equivalente a 20% do seu faturamento anual no mercado brasileiro. Bravata ou não, nunca se saberá ao certo, uma vez que a Air Products livrou-se da sentença do Cade, revogada pela Justiça Federal de Brasília. Sem essa espada sobre suas cabeças, os norte-americanos voltaram a focar na expansão da sua operação no Brasil, onde as vendas de gases industriais movimentam mais de R$ 5 bilhões. A Air Products é um antigo objeto de cobiça. Além de ser o fiel da balança na disputa pela vice-liderança do setor, a empresa tem 15 plantas de produção razoavelmente modernas, o que dispensa a necessidade de investimentos de maior monta. Além disso, a companhia tem uma relação de dívida líquida/patrimônio de dois para um, a menor do setor.

#Air Products #IBG #Linde #Praxair

Por que Lemann diz que não faz política?

1/09/2016
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 Se estivesse em um tribunal, Jorge Paulo Lemann poderia até ser acusado de perjúrio devido à declaração de que passou a vida “fugindo da política”. Assim é se lhe parece, diria Pirandello. A escolinha de marketing do professor Lemann, especializada em autopropaganda, construiu uma interpretação de interesse pessoal para a expressão “fugir da política”. Ela está restrita a não disputar eleição ou ocupar cargo público, evitar aparições ao lado de prefeitos, governadores e parlamentares e passar ao largo de convescotes partidários. Não consta da cartilha a interferência no processo eleitoral por meio de financiamento de campanha, a articulação de uma bancada parlamentar defensora dos seus interesses e o uso do processo eleitoral como ferramenta do fortalecimento do lobby empresarial. Se o quesito ao qual não queria se referir for este último, Lemann provou mais uma vez que o sucesso e a hipocrisia caminham lado a lado em sua trajetória. Desde que foi criada, a AmBev sempre se destacou como uma peça influente no xadrez eleitoral, ao despejar ao longo do tempo centenas de milhões de reais em doações de campanha. A presença da companhia no jogo político só não é maior do que o seu empenho em encobrir tamanha participação. Ao menos é o que se depreende ao pesquisar o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  Vasculhar os números relativos às doações de campanha da cervejeira exige algum contorcionismo. No sistema eletrônico de prestação das contas eleitorais de 2014, do TSE, não há menções nominais à AmBev. O RR também pesquisou por outros termos que poderiam remeter à companhia, como “American”, “Beverage”, “Distribuidora”, “Logística”, “Cervejaria”, mas os resultados passaram longe da empresa. Consta, conforme registros na mídia, que o grupo se vale de outras razões sociais – a exemplo das subsidiárias Londrina Bebidas e CRBS S/A. Procurada pelo RR, a AmBev não se pronunciou até o fechamento da edição.  Se o objetivo da AmBev era a discrição, o uso desses biombos jamais surtiu o efeito desejado. É público que, nas eleições de 2014, a cervejeira ocupou um notável quarto lugar no ranking das doações corporativas, com R$ 41 milhões. Conforme amplamente noticiado à época, a empresa repassou aproximadamente R$ 6,7 milhões às três principais chapas que concorreram à Presidência da República. Sabe-se ainda que a AmBev desembolsou cerca de R$ 11,7 milhões que ajudaram a eleger 76 deputados federais de 19 partidos. Nem é preciso se dar a tanto trabalho. A declaração de Lemann não resiste a uma rápida consulta no Google. Ontem, por volta das 19h30, o site de buscas listava aproximadamente 173 mil resultados vinculando a AmBev ao termo “financiamento de campanha”. Lemann “foge da política”, mas se empenha em eleger a bancada do funil. Só falta dizer que os seus interesses e os de suas empresas caminham em direções distintas. Hipocrisia!

#Ambev #CRBS #Jorge Paulo Lemann #Londrina Bebidas

A hora e a vez de Temer ser picado pela saúva

25/08/2016
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 O presidente interino, Michel Temer, já sabia o texto inteiro da missa. Mas, quando rezado de viva voz, no latim do empresariado, o impacto da burocratização nacional é ainda mais desolador. Desde sempre, o setor empresarial é refém do Estado, que, por sua vez, é refém das corporações, que se nutrem das dificuldades que elas próprias criam. Essa simbiose, contudo, está piorando cada vez mais. O mau corporativismo tem ganhado todas as pelejas disputadas. Ele está na raiz da baixa produtividade do país. É um canibal do Estado. Representa um coeficiente da inflação renitente. É a zika da ineficiência produtiva. Os potentados empresariais Carlos Alberto Sicupira, Jorge Gerdau, Luiz Carlos Trabuco e Pedro Moreira Salles, entre outros, fizeram para Michel Temer uma apresentação de como essa saúva tem corroído o Brasil.  Os casos são bastante minuciosos e impactantes. O presidente do Conselho Administrativo do Itaú-Unibanco, Pedro Moreira Salles, colaborou na exposição detalhada dos péssimos exemplos com a menção à insanidade tributária do país, que está menos no tamanho da carga do que na esquizofrenia de mudanças frenéticas dos gravames. Segundo Moreira Salles, o banco tem de estar preparado para dar conta de uma modificação na legislação de impostos a cada duas horas, em média. Esse número tem sido crescente.  O empresário Carlos Alberto (Beto) Sicupira, quarto homem mais rico do Brasil, segundo o ranking da Forbes, e um dos controladores da Ambev, informou que a companhia cervejeira tem de gerar 23 mil processos por lata ou garrafa produzida no mercado brasileiro, somente em função da mixórdia criada pela legislação do ICMS. A Ambev opera em todos os 27 estados e nos quase 5,5 mil municípios do Brasil. Nos Estados Unidos, ela também atua de ponta a ponta no território norte-americano, mas precisa gerar somente 1.300 processos por lata ou garrafa. E isto levando em consideração todos os impostos que são cobrados, e não apenas um único.  O presidente da Natura , Pedro Passos, reclamou do fluxo de processos trabalhistas, um montante superior a quatro milhões por ano. Um dado bastante estarrecedor: o fluxo se altera pouco. Ao contrário do que seria recomendável, a legislação vai se tornando mais nebulosa com o passar do tempo. E todo ano são pedidas na Justiça a criação de mais e mais Varas do Trabalho. Pedro Passos deu outro exemplo nada edificante: a fabricante de produtos de beleza gasta R$ 15 milhões por ano somente para manter sua máquina de atendimento da burocracia funcionando. Os números são grandiloquentes e bastante atualizados, mas, à primeira leitura, a sensação é de um grande déjà vu.  Consta que o presidente interino ouviu atentamente, franziu o cenho, pousou a mão sobre os joelhos e com um olhar grave fez aquilo que se esperava dele. Temer pediu sugestões dos empresários para resolver os problemas e uma maior interação junto ao governo federal para uma colaboração conjunta. Por ora, é só. Mas o filme parece muito antigo.

#Ambev #Itaú #Michel Temer #Natura

Maia serve um aperitivo do parlamentarismo branco

12/08/2016
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 Os principais empresários do país experimentaram as delícias de um semi-parlamentarismo, na última quarta-feira, em Brasília. O Instituto Talento, híbrido de centro de pesquisas e núcleo de articulação política dos dirigentes do setor privado, conduziu sua caravana para uma reunião histórica entre a nata do empresariado e o novo estamento pós-PT. As reuniões com Henrique Meirelles, na parte da manhã, e Michel Temer, à tarde, foram fartamente noticiadas. Pouco se falou, contudo, da reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, esta, sim, a grande surpresa do dia. Antes de colocar tintas mais vivas no episódio, é bom situar quem estava presente na comitiva do Instituto Talento, em ordem decrescente por vulcanização dos neurônios – avaliação por conta e risco do RR: Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Beto Sicupira (Ambev), Pedro Moreira Salles (Itaú -Unibanco), Pedro Passos (Natura), Carlos Jereissati (Jereissati Participações), Vicente Falconi (Consultoria Falconi) Josué Gomes da Silva (Coteminas), Edson Bueno (Dasa) e Jorge Gerdau Johannpeter (Gerdau). O empresário José Roberto Ermírio de Moraes deveria estar presente, mas, por motivos de agenda, deixou ficar para outra oportunidade. Sim, porque deverão ocorrer outros encontros, inclusive para evitar que este inicial se caracterize como um espasmo tão somente.  A primeira das novidades foi a transferência da reunião formal que estava prevista com Rodrigo Maia, na sala da presidência da Câmara dos Deputados, para um almoço descontraído em sua residência oficial. O que estava por vir seria ainda mais surpreendente. Maia recebeu os presentes ao lado do deputado Orlando Silva (PCdoB), ex-ministro dos Esportes de Dilma Rousseff. Exatos dois minutos após as mesuras de praxe, adentrou ao gramado o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), uma das vozes mais aguerridas contra a presidente que vai ser julgada pelo Senado Federal, mas também envolvido em caso de propina. O desfile dos líderes seguiu embalado e com intervalos curtos de chegada: André Moura (PSC-SE), líder do governo na Câmara; Heráclito Fortes (PSB-PI); Weverton Rocha (PDT-MA); Rubem Bueno (PPS-PR); e, pasmem, Vicente Cândido (PT-SP). O líder do PT na Câmara é assim e assado com Luiz Inácio Lula da Silva. Os empresários interpretaram sua presença no evento como uma representação do próprio Lula. Mas Maia foi quem deitou e rolou.  Jorge Gerdau, o mais escolado nas práticas de Brasília, disse em bom tom que nunca viu um presidente da Câmara dos Deputados que tivesse convidado todas as lideranças partidárias para uma reunião com empresários – algumas só faltaram porque o convite foi feito de véspera. “No máximo, chamavam uma ou duas”. Não houve conversa de pé de ouvido. Todos sem exceção fizeram uma breve exposição. Os empresários foram convocados a se fazer mais presentes em debate de mérito. Estes, por sua vez, anunciaram que entendem não ser possível reduzir a carga tributária nesse cenário e defendem a preservação das políticas sociais como premissa no ajuste fiscal. O ponto mais alto: os líderes se comprometeram a apoiar todos os projetos voltados a suspender a recessão que assola o país. Depois do almoço, a sensação dos presentes era que o clima seco de Brasília tornou-se arejado, civilizadíssimo. Pelo menos por um dia. Não entrou em pauta a tão almejada revogação de direitos constitucionais em prol da eficiência e da produtividade empresarial. O resultado já estava de bom tamanho.

#Ambev #Bradesco #Consultoria Falconi #Coteminas #Dasa #Gerdau #Itaú #Jereissati Participações #Natura

SAB Miller valeu um óbolo para Martin Barrington

2/08/2016
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Martin Barrington rasgou as duas últimas páginas do seu caderno moleskine de anotações. Na primeira folha, amarrotada com raiva, estava escrito em grafia miúda: “Memória de uma estrondosa vitória com gosto de derrota”. O que poderia ser chamado do negócio do século, Barrington, chairman e CEO da Altria – controladora da Phillip Morris e acionista da SAB Miller – lamentava como extra money lost. Desde setembro, com uma tática de concordar e discordar alternadamente do valor do negócio, vinha forçando “Paul Lemann” a bidar seus lances pela cervejeira. O pedido da Altria era de US$ 123 bilhões, ou seja, estimava o valor da companhia acima dos US$ 200 bilhões precisamente, bem mais do que o US$ 1 a mais por ação, aliás, a libra furada, que “Jorge Paul” metaforicamente jogou aos seus pés para que se abaixasse, derrotado. Dar a volta em Barrington não é pouca coisa. Foi preciso que Lemann viesse com seus homens de frente, “Albert” Sicupira e Marcel Telles, trazendo junto seu esquadrão Panzer, composto de financistas barra-pesada como Mr. Buffet, além da adesão final de Alejandro Santo Domingo, líder do clã colombiano Santo Domingo, sócio “muy amigo” no controle da SAB Miller.  “Marty” pensava no comunicado final da Altria apoiando o negócio com a AB InBev. Foi como se, no teatro, ele interpretasse o orgulhoso líder gaulês Vercingentórix depondo suas armas aos pés de Julio César. Havia uma diferença marcante entre ele e “Paul”. Se considerava um profit hunter. Já o conquistador da SAB Miller era um business shark. Por trás da grife de sucesso financeiro carregava entre outros aparelhos cirúrgicos um bisturisocial. Barrington está longe de ser um progressista, mas até para ele Paul era um exaggerated killer job. Pobre Alan Clark, CEO da SAB Miller, que certamente seria rifado por Carlos Brito, executivo símbolo da AB InBev. Na África do Sul, berço da cervejeira, as notícias eram de que o dia foi de tristeza e cantos de lamento. Um rasgo no coração seria ver a sede da SAB ser transferida de Londres para Manhattan, onde reinavam os “garotos mórmons” de “Paul Lemann”.  Barrington já tinha sido avisado que a barra era pesada. “Paul Lemann” passou anos inventando um personagem para seduzir o presidente da Brahma, Hubert Gregg, a vender a companhia. Seguiu em frente e aliciou o presidente da Fundação Antártica, Vitório De Marchi. O executivo engoliu o Conselho da Fundação, em um caso de traição clássica, permitiu que ela fosse incorporada à preço de cerveja choca e foi gastar seus muitos milhões. Com a ajuda do empresário Mauro Salles, criador do nome AmBev, “Paul”, “Albert” e Marcel foram celebrar a parceria no Palácio do Planalto.  A construção da InBev foi um movimento de xadrez típico de Lemann. Começou menor no capital, mas por dentro do bloco de controle foi se apoderando da companhia e assumindo a totalidade da gestão. Daí, para adicionar as duas vogais AB no nome da InBev, a passada, ainda que larga, foi mais fácil. “Paul Lemann” já tinha virado o Donald Trump da cerveja, com uma tropa de financistas gulliverianos a reboque. Nada mais o pararia. Quanto a “Marty”, o que mais lhe incomodou foi aquela moeda de uma libra por ação, que mais parecia um óbolo. O copo de cerveja de US$ 103 bilhões era para ter sido tomado mais cheio.

#AB InBev #Altria #Philip Morris #SAB Miller

AmBev não é uma empresa-cidadã

13/07/2016
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 A Central Única dos Trabalhadores (CUT) pretende fazer uma campanha para retirar dos rankings das Maiores e Melhores que pululam na mídia as empresas com grande número de denúncias e condenações por práticas de assédio moral e escravismo, segundo apurou o RR. A gigantesca Ambev volta e meia aparece no top ten quando se fala de ambos os quesitos. Uma simples busca no Google revela que a cervejeira está associada direta ou indiretamente a 38.400 menções de assédio moral coletivo (dia 8/07). A tendência é que essas empresas monopólicas ou oligopólicas que escondem sua bipolaridade social através de um marketing de gestão espetacular desapareçam de rankings, ratings e índices de performance. Basta que se comece a implementar filtros de práticas sociais nocivas. O mercado de capitais também deve enquadrar a Ambev. Os índices de sustentabilidade da Bovespa (ISE) e da Dow Jones levam em consideração equilíbrio ambiental e justiça social. Não são os melhores predicados da Ambev, com toda a certeza. A cervejeira apresenta com pompa relatórios adornados e sondagens internas não auditadas, mas não revela a natureza das suas pendências na Justiça do Trabalho. Os demonstrativos dourados, da cor da cerveja, são capturados junto a população do andar de cima da companhia. São salários de R$ 11 mil a R$ 18 mil só na partida, com os trainees sendo tratados a banho de leite. Esse é o maior marketing da companhia. _____________________ Equipes de venda foram forçadas a usar chapéu de chifre, saia e batom _____________________  Valoração do capital humano, avaliação 360 graus e reuniões de feedbacks são exaustivamente mencionadas como pepitas da cultura de gestão da empresa em reportagens que invariavelmente citam o poderoso CEO, Carlos Brito, como uma demonstração do trainee que deu certo. É uma prática que surte efeito. Com uma ressalva: especialmente entre o pessoal que frequenta o site www.queroserambev.com.br. Já a turma do chão da fábrica e os que trabalham na máquina de venda da companhia, quando se pronunciam, injuriados – e com compreensível medo de fazê-lo – preferem sites como o www.euodeioambev.com.br. A empresa é contumaz denunciada em casos tétricos de assédio com uma coleção de sentenças negativas. Em Sergipe, funcionários foram obrigados a fazer flexões acima da sua capacidade física. Em fevereiro deste ano, a companhia teve recurso negado para anular na Justiça uma ação contra o procedimento de colocar deitado em caixões com galinhas enforcadas os profissionais que não cumpriram metas. Um ex-empregado da cervejeira em Minas Gerais, que teve ganho de causa no Tribunal Superior do Trabalho (TST), revelou as práticas dos capatazes da Ambev de colocarem a equipe de venda com chapéu de chifre, saia e batom.  A recorrência da companhia em um comportamento incompatível com regras salutares levou-a inclusive a firmar Termo de Ajuste de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público do Trabalho, comprometendo-se a orientar seus funcionários a evitar atitudes que possam promover o desrespeito mútuo. O TAC foi acordado em 2004. Pois bem, em 2014, o Ministério Público do Trabalho em Alagoas processou a companhia em R$ 1 milhão por infrigir humilhações aos seus funcionários. Certamente, os episódios não serão publicizados pela comunicação que propala as maravilhas da Universidade Lemann, entre outras marketadas. Duvida-se que os Marcel Telles e Vicente Falconi, síndico e mentor do andar de cima, saibam da missa a metade.  A Ambev contra-argumenta com sua versão de o filme O Porteiro da Noite, de Liana Cavani, na qual a personagem desenvolve uma dependência pelo torturador. Os profissionais, quando aceitam o trabalho, sabem da cultura competitiva, da busca pela superação. São esses que, na partida e em tese, estariam prontos para enfrentar abusos como corredor polonês, tapas nas costas e ficar de castigo em pé durante horas (caso de assédio moral coletivo julgado em 2004). Os incomodados que se mudem. Ou entrem na Justiça. São esses desertores que dão transparência a um dos pilares da lucratividade da empresa: a chibata moral. Nem tudo são orçamento base zero ou, na extremidade oposta, forçar vendedores evangélicos a fazerem demonstrações com garotas de programa para um batalhão de vendas (sentença favorável do TST). Há mais entre o céu e a terra do que a simples interpretação da Ambev como uma empresa movida à meritocracia.  O marketing da Ambev dilui no case de gestão de excelência o impacto da condição monopolística e de abuso do poder econômico. Como _____________________ Há 58 mil menções no Google associando a AmBev à escravocracia _____________________ não lembrar do programa de “fidelização com algemas” dos pontos de venda. Por conta dele, a empresa foi multada pelo Cade inicialmente em R$ 350 milhões. Depois de negociações a fatura desceu para R$ 221 milhões. Sim, existem evidências de que a cervejeira mete medo nos seus parceiros. É conhecida a política de refrigeração da companhia, já investigada pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) – acordos pelos quais a Ambev fornece freezers para varejistas com a condição de que eles os utilizem apenas para a venda de produtos da sua marca. Imagina-se que com seu poder de fogo, uma boa parte das inserções contrárias à cervejeira já tenha sido apagada dos sites de busca. Mas os registros do seu lado sinistro permanecem lá, nublando o seu lado solar. A Ambev são duas empresas. Uma é a firma premiada pelo Instituto Great Place to Work como uma das 100 melhores empresas do país para trabalhar. A outra é a que enche a internet com um total de 58.800 menções – associações diretas ou indiretas – a escravatura, segundo o Google (dia 8/07). Essa combinação de ações mefistofélicas com governança de luxo pode continuar dando sucesso econômico-financeiro. Mas a Ambev não deve mais ir para o trono das companhias que são referência. O RR encaminhou diversas perguntas à Ambev e fez vários contatos com a empresa. Porém, até 19h34, em ponto, não recebeu qualquer manifestação da companhia sobre os assuntos tratados nessa matéria.

#Ambev #Bovespa #Dow Jones #Google #Indústria cervejeira

Cerveja quente

25/05/2016
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 Após vender a fábrica de Cachoeiras do Macacu (RJ) para a AmBev, a Brasil Kirin está colocando mais dois ativos sobre o balcão: as unidades de Caxias (MA) e Igarassu (PE). No ano passado, não custa lembrar, a cervejeira fez uma baixa contábil de quase R$ 4 bilhões. É por essas e outras que muitos no mercado apostam que os japoneses estão arrumando a casa para deixar o Brasil. A seguinte empresa não comentou o assunto: Brasil Kirin.

#Ambev #Brasil Kirin

Walter Faria prepara o trono para a filha

16/03/2016
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  Na segunda maior cervejeira do país, a palavra “sucessão” ainda é pronunciada com extrema cautela, quase aos sussurros – mesmo porque são muitas as leveduras que podem interferir na fermentação deste processo. No entanto, salta aos olhos dos executivos da companhia a rápida ascensão de Giulia Faria, filha de Walter Faria, no comando do Grupo Petrópolis. Em um espaço de tempo razoavelmente curto, a empresária de 24 anos teria ampliado seu raio de ação na gestão dos negócios, ainda que, em alguns casos, dividindo espaço com outros diretores ou com o próprio pai. Antes restrita à área de marketing, onde deu seus primeiros passos na Petrópolis há pouco mais de dois anos – hoje, todas as campanhas publicitárias passam pelo seu crivo –, Giulia estaria à frente dos planos de expansão da empresa em novos segmentos, notadamente o de cerveja premium. Walter Faria também a teria encarregado de buscar novas marcas no exterior, sobretudo nos Estados Unidos. Se o objetivo do empresário é submeter a filha a uma espécie de vestibular de gestão, deu-lhe uma prova na qual executivos bem mais experientes já fracassaram. A Petrópolis praticamente inexiste no segmento de cervejas premium, no qual a empresa acumula alguns fracassos. O mais recente foi a tentativa de uma parceria com a SABMiller para engarrafar marcas da companhia no país. No meio do caminho, a cervejaria sul-africana foi comprada pela AmBev e as negociações viraram espuma.  Gradativamente, Walter Faria também teria dividido com a herdeira a responsabilidade de capitanear a expansão territorial da Petrópolis, com foco no mercado nordestino. Ao lado do pai, Giulia Faria vem participando das negociações com prefeitos na escolha do local que abrigará a terceira fábrica da empresa na região – o Ceará é o candidato mais forte. Em dois anos, a cervejaria instalou suas duas primeiras unidades industriais no Nordeste, uma em Alagoinhas (BA) e outra em Itapissuma (PE). Aquele é um pedaço do mapa estratégico para o grupo: no ano passado, a empresa teve um crescimento na região superior a sua performance no restante do país. Em pouco mais de um ano, pulou de 9% para 15% de share, tomando mercado principalmente da Brasil Kirin.  Procurada, a Petrópolis nega que exista qualquer processo de sucessão em curso. Afirma também que Giulia segue circunscrita ao marketing. Talvez o marketing tenha engolido outras áreas da empresa, o que explicaria a constante presença da executiva em reuniões das quais não costumava participar, com distribuidores, bancos e possíveis parceiros. A escalada de Giulia Faria na gestão da Petrópolis suscita diferentes interpretações mesmo entre privilegiados espectadores do processo. Há quem diga que tudo acontece dentro do tempo natural das coisas, de acordo com os planos e o ritmo traçados por Walter Faria. Neste caso, sequer passaria pela cabeça do empresário deixar a linha de frente da gestão, mesmo porque a Petrópolis tem suas sutilezas e particularidades – caso, por exemplo, das relações comerciais com os distribuidores, um caminho cheio de atalhos e trilhas que só o patriarca sabe percorrer. Para outros, no entanto, tudo se deu de forma rápida demais. É como se Walter Faria tivesse a firme preocupação de acelerar o ciclo de maturação da herdeira, antevendo um tempo, neste momento de ciladas mil para o empresariado brasileiro, em que ele próprio possa não estar pessoalmente à frente dos negócios.

#Ambev #Brasil Kirin #Grupo Petrópolis #SAB Miller

Abilio e Lemann querem comprar deus e o mundo

27/08/2015
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Das salas de aula para os balcões de padaria, e destes para as prateleiras de biscoito e as bandejas de esfihas pode ser apenas um passo. A parceria entre Jorge Paulo Lemann e Abilio Diniz está somente esquentando os motores. Os dois maiores empreendedores da área de consumo do país pretendem transformar negócios e setores aparentemente prosaicos em mega operações. As palavras-chave são escala e marca. Esse é o perfil das aquisições estudadas. Quem pensou em nomes como Piraquê e Habib’s não estará de todo errado. Aliás, não estará nada errado. As duas empresas atiçam o apetite de Lemann e Abilio. São brands conhecidos – começar do zero não é do estilo nem de um nem de outro –, estão em todas as esquinas e vendem milhões e milhões de unidades. A fabricante de biscoitos fatura R$ 800 milhões por ano e está presente em mais de 60 mil pontos de venda só no estado do Rio. O Habib’s, por sua vez, reúne quase 400 restaurantes e soma uma receita de R$ 1 bilhão. As duas companhias têm ainda outro ponto em comum que as transforma em potenciais presas: não foram abduzidas pelo processo de consolidação em seus respectivos mercados. Ambas ainda estão nas mãos de seus fundadores, leia-se a família Colombo (Piraquê) e Alberto Saraiva (Habib’s). Jorge Paulo Lemann e Abilio Diniz são empresários da mesma espécie. Passam ao largo da área de concessões, da infraestrutura, da indústria pesada e, sobretudo, de negócios que tenham qualquer tipo de imbricamento com o setor público. Os dois nasceram também para consolidar. Assim será nos novos mercados em que ingressarão, na recém-descoberta área de panificação, com a compra da rede de padarias Benjamin Abrahão, ou no segmento de ensino. Os investimentos comuns neste setor devem ser creditados a Ana Maria Diniz, que deu os primeiros passos da associação – Lemann e seu sócio Beto Sicupira têm especial empatia pela filha de Abilio, que há anos milita na área de educação. Boa parte do ervanário está reservada exatamente para este mercado: os dois empresários pretendem avançar na compra de instituições de ensino médio e transformá-las em academias de excelência. Guardadas as devidas proporções, Abilio poderá se tornar uma espécie de Warren Buffett em versão doméstica, acompanhando Lemann em diversos negócios no país. Não poderia haver momento mais propício para o encontro entre estes dois potentados. Ambos sabem que o Brasil está barato e o que não falta na prateleira são ativos depreciados, ambiência sob medida para uma dupla tão líquida como essa – só na Península Abilio tem mais de R$ 10 bilhões. Consultada sobre novas aquisições, a Península limita-se a dizer que comprou a Benjamin Abrahão para expandir suas operações. Já a 3G, de Lemann, não se pronunciou. Lemann e Abilio enxergam também uma oportunidade de ouro para consolidar uma posição de liderança entre o empresariado nacional. A hora sorri para esta combinação entre a frieza de um e a vaidade de outro. Os investimentos da dupla seriam acompanhados de um discurso motivacional, elevado ao nível do marketing cívico corporativo. Lemann conhece bem do assunto, pois usou a receita com a Ambev. Seria uma sonora demonstração de confiança no Brasil no momento em que a maior parte dos empreendedores está reclusa. Ou seja: além do impacto econômico, tal injeção de ânimo teria também um bônus psicossocial.

#3G Capital #Abilio Diniz #Ambev #Benjamin Abrahão #Habib´s #Jorge Paulo Lemann #Península #Piraquê #Sicupira

Santander é um cartão em busca de crédito

4/08/2014
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A leseira do Santander ao contaminar suas análises econômicas com pitacos de ordem política e eleitoral não está invadindo seu core business. Menos mal. O banco prepara uma forte investida no mercado brasileiro de cartões de crédito. No varejo, o avanço se dará por meio da GetNet, credenciadora comprada no ano passado; na área corporativa, o Santander negocia com grandes grupos industriais parcerias similares a  fechada recentemente com a AmBev – distribuidores da cervejeira podem efetuar seus pagamentos usando as maquinetas de cartão. Puxa daqui, estica dali, o Santander pretende atingir 10% do setor em 2015 – hoje, detém aproximadamente 6% de market share. E de onde virão esses tão cobiçados pontos percentuais? A estratégia do Santander é avançar sobre o território do Itaú, aproveitando-se do mau momento do banco neste segmento. Um momento, aliás, que já dura mais de quatro anos. Nesse período, a participação do Rede, a credenciadora dos Setúbal, caiu de 45% para 38%. Estudos de mercado feitos pelos espanhóis mostram que este processo de erosão ainda está longe de terminar. Em tempo: em condições normais de temperatura e pressão, talvez o Santander repetisse o matreiro expediente já usado em outras ocasiões. O presidente da instituição no Brasil, Emilio Botín, iria ao Planalto comunicar os novos planos e a área de comunicação corporativa do banco faria a festa, usando o encontro com Dilma Rousseff para dar publicidade a  marca. Desta vez, no entanto, Botín vai ter de buscar outra garota-propaganda.

Nem Engov alivia a dor de cabeça da AmBev

21/05/2014
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A AmBev vive seu annus horribilis. Acostumada a colecionar resultados invejáveis e trabalhar com expectativas crescentemente favoráveis, a companhia já antecipa uma ressaca no seu porvir. Os motivos para essa sensação de náusea são variados: sucessivas quedas de market share, iminente perda de rentabilidade na esteira do inevitável aumento da tributação sobre o setor e o risco cada vez maior da inclusão de imagens impactantes nos rótulos de bebidas alcoólicas. Está escrito nas estrelas que as garrafas e latas de cerveja virão acompanhadas de ilustrações que remetem a desastres de carro, tetraplegia, cirrose, violência doméstica, entre outras situações que associam o consumo de bebida ao sofrimento humano. A AmBev lida com essa perspectiva de dias menos prósperos e virtuosos ainda embriagada pelos resultados positivos, além da promessa de muita espuma na Copa do Mundo. No primeiro trimestre do ano, a empresa reportou lucro de R$ 2,6 bilhões, um aumento de 9,5% sobre igual período em 2013. Parece um desempenho muito alvissareiro, mas não é, devido a  modesta base de comparação: entre janeiro e março do ano passado, os ganhos subiram apenas 1,3%. Por ser uma empresa-baleia, parece que a AmBev só faz crescer. Mais uma vez, as aparências enganam. As concorrentes no Brasil têm mordido pedacinhos da cervejeira ano após ano. No início dos anos 2000, a AmBev chegou a ter mais de 72% das vendas de cerveja em todo o país. Os adversários, contudo, foram se fortalecendo, particularmente a dupla Petrópolis/Kirin. De 2011 para cá, somente a fabricante da Itaipava comeu um ponto percentual de market share da líder do setor. Para se ter uma ideia do que representa essa canibalização, apenas entre 2011 e 2013, a fatia de mercado da AmBev recuou de 69,5% para 67,5%. Parece pouco. Nova ilusão. Cada ponto percentual perdido equivale a quase R$ 200 milhões a menos no copo. Esse horizonte bastante nublado tem piorado ainda mais o ambiente no “chão de fábrica”. O modelo de gestão e produtividade da AmBev, decantado nos MBAs da vida, é ótimo para o andar de cima, mas horrível para o pessoal da “senzala”, como os funcionários se referem a si próprios. As exigências para a geração de resultados criam um estado emocional danoso, responsável pela máxima de que quem está fora dá um dedo para entrar na AmBev, mas quem está dentro dá um braço para sair. a€ exceção, claro, dos maganos bem abonados, que só tomam a cerveja geladinha. Não é a  toa que a empresa não publica demonstrações de turnover e muito menos dos problemas de ordem médica entre seus trabalhadores. Na companhia, há quem diga, com humor sardônico, que trabalhar na Am- Bev é bom, mas faz mal a  saúde. A verdade é que a AmBev é um case de antidistributivismo que poderia muito bem ser citado por Thomas Piketty, autor de uma obra-prima sobre a concentração de renda pelos mais ricos. A divina trindade Lemann, Telles e Sicupira criou um marketing imbatível e se inebria com a fama de gestores excepcionais. Por trás de toda essa serpentina, existe muito desgaste, desgosto e até desespero por aqueles que carregam a empresa nas costas. No dia seguinte, podem nem sequer acordar empregados da companhia. Afinal, Lemann prega a seguinte visão social: “Gente é como coelho: se multiplica drasticamente. Só há uma saída: tem de cortar, cortar, cortar…”

Credores empurram Grupo Hermes para o balcão

29/01/2014
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A quarta geração da família Bach luta para não entrar para a história pela porta dos fundos, como responsável pelo epílogo de uma das mais longevas sagas do varejo nacional. Tarefa difícil. Quanto mais o tempo passa, menor é a margem de manobra do clã, notadamente do empresário Gustavo Bach, ex-presidente do Grupo Hermes, rede fundada pelo seu bisavô, Siegfried Haberer, há mais de 70 anos. A família estaria sendo pressionada pelos credores a se desfazer da empresa, precursora da venda por catálogos no Brasil e dona de um faturamento anual superior a R$ 2 bilhões. Os bancos estariam trabalhando pela transferência do controle a um grupo do setor ou a fundo de private equity – nos corredores da empresa o que se diz é que o BTG Pactual seria um dos candidatos. A Hermes teria uma dívida em torno de R$ 600 milhões. A companhia entrou em recuperação judicial em novembro do ano passado. Desde então, na tentativa de ganhar tempo e conquistar um voto de confiança de bancos e fornecedores, Bach se afastou da gestão executiva e anunciou a contratação da consultoria Alvarez & Marsal. As medidas, no entanto, não teriam surtido o efeito desejado. Aos olhos dos credores, a crise financeira do grupo estaria indissociavelmente vinculada a equívocos administrativos e estratégicos cometidos pela família Bach, entre os quais uma excessiva alavancagem financeira e uma desordenada política de investimentos no comércio eletrônico, leia-se o portal CompraFácil. Na tentativa de salvar os dedos, os Bach já esparramaram seus anéis sobre o balcão. Colocaram a  venda um centro de distribuição no Rio de Janeiro e o site CompraFácil. A negociação destes ativos permitiria a  família capitalizar a Hermes e evitar uma dramática solução final, leia-se a negociação do próprio controle do grupo. No entanto, nada é simples na vida dos Bach. Com o perdão do trocadilho, o CompraFácil poderia mudar seu nome para “Venda Difícil”. Nos últimos três meses, o grupo ofereceu o site a Deus e o mundo. ViaVarejo e B2W, por exemplo, olharam os números da operação e torceram o nariz. As gestões prosseguem e os Bach já teriam, inclusive, reduzido em 30% o valor pedido pelo site de comércio eletrônico. No entanto, no meio do caminho, a família ainda sofreu outro duro baque. No fim do ano passado, o CompraFácil perdeu o contrato para a venda de produtos da AmBev.

Comlurb quer ser um pote até aqui de PPPs

27/01/2014
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Há muito lixo sobre a mesa de Eduardo Paes. Lixo que pode virar alguns milhões de reais a mais para os cofres da Prefeitura do Rio. Paes tem planos de transformar a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) em um player importante no segmento de coleta e tratamento de resíduos, capaz de disputar contratos não apenas em outros municípios do estado, mas também na área privada, notadamente clientes corporativos. Oficialmente, a Comlurb nega o projeto. No entanto, segundo fontes próximas a  Prefeitura, a estratégia passa pelo fechamento de parcerias com empresas privadas de limpeza urbana e industrial. As PPPs permitiriam a  Comlurb buscar sócios para projetos específicos, sem que a Prefeitura precise fazer qualquer alteração no capital da companhia ou dependa de aprovação da Câmara Municipal – sempre uma caixinha de surpresas, embora Eduardo Paes tenha maioria na Casa. O modelo possibilitaria ainda que a estatal, levada a reboque por seus parceiros, participasse de licitações promovidas por empresas privadas. A estratégia de expansão da Comlurb é mais um capítulo no processo de reestruturação da empresa, uma estatal com seguidas lufadas de companhia privada. Um dos passos mais importantes nessa direção foi a nomeação de um executivo profissional para a presidência da empresa: o economista Vinícius Roriz. Com vasto currículo no mundo corporativo, Roriz trabalhou por mais de uma década na AmBev e, mais recentemente, teve uma passagem pelo Grupo EBX. Na esteira de sua chegada, a Comlurb instituiu metas de performance e mudou o regime trabalhista da maior parte de seus funcionários, que deixaram de ser servidores públicos e passaram a ter vínculo sob o regime de CLT.

Benchmarking

12/12/2013
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A decisão da Ambev de não aumentar os preços da cerveja no verão e de lançar uma campanha para que o comércio adote o mesmo procedimento é uma avis rara. Se outras empresas seguissem o seu exemplo e redescobrissem a velha e boa economia de mercado, o pais seria bem melhor.

Acervo RR

NWalter Faria junta os cacos das mais diferentes garrafas

4/02/2013
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Parece até que Walter Faria, dono da cobiçada Petrópolis, está se preparando para um porvir longe de garrafas e engradados. Seu percurso empresarial é cada vez mais inusitado e oblíquo, com negócios que passam a léguas do mercado cervejeiro e, aparentemente, não guardam qualquer conexão ou sinergia entre si. Depois de investir no setor elétrico, com a compra de uma participação na Electra Energy, Faria está perto de fincar raiz no agronegócio. Segundo informações obtidas junto a  Imcopa, o empresário é o principal candidato a salvar a lavoura da companhia paranaense, uma das maiores produtoras de soja do Brasil. Fontes próximas a Frederico Busato Junior, controlador da empresa, afirmam que ele vem mantendo negociações com Faria. As conversas envolveriam tanto a venda de uma participação quanto a transferência integral do controle. Consultada, a Imcopa negou a operação. Walter Faria, por meio da assessoria da Petrópolis, declarou “não ter informação sobre o assunto”. Não custa lembrar que a Petrópolis mantém uma parceria com a Imcopa para a venda de soja desde 2008. Na época, circularam no setor informações de que o acordo era apenas um biombo, por trás do qual Faria teria acertado um contrato para a aquisição da empresa paranaense. a€s vezes, o tal mercado erra o santo e o milagre; a s vezes, só não acerta o horário da missa. O fato é que, hoje, a Imcopa se tornou um campo minado. Com dívidas na casa dos R$ 800 milhões, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial no início do ano. Há cerca de três anos, Busato apostou todas as suas fichas em um acordo extrajudicial com os credores, na expectativa de ganhar fôlego para recapitalizar a companhia. Desde então, no entanto, a situação se agravou. Ressalte-se que a Imcopa tem seus atrativos, a começar por dois complexos industriais no Paraná, com capacidade para esmagar mais de dois milhões de toneladas de soja por ano. Talvez uma coisa seja uma coisa e outra coisa não passe de outra coisa. No entanto, este processo de diversificação de negócios suscita a ideia de que Walter Faria está preparando o terreno para a venda da Petrópolis. Olhando-se para as atuais condições do mercado, o momento parece mais do que propício. A indústria cervejeira passa por um período de apreciação generalizada. Deve isso ao fenômeno AmBev, que puxou o valuation dos demais ativos do setor. Por sua vez, a Petrópolis nunca esteve tão valorizada e cobiçada. Passou a Kirin/Schincariol no ranking e tem feito sucessivos investimentos no aumento do parque fabril. É por essas e outras que a Heineken não sai da porta de Walter Faria.

Acervo RR

Heineken e Petrópolis bebem do avesso da lógica

30/10/2012
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Em condições normais de temperatura do chope e de pressão da serpentina, tudo levaria a crer que as propaladas negociações entre a Heineken e a Petrópolis terminassem, inevitavelmente, na venda da empresa brasileira. Mas, como dizia Hitchcock, a s vezes é preciso jogar a lógica pela janela para que a imaginação prevaleça. Neste caso, as gestões entre as duas companhias podem ter um desfecho surpreendente e resultar no surgimento de um bicho inusitado, totalmente inesperado, um ornitorrinco cervejeiro. Em vez da venda da Petrópolis para a Heineken, ocorreria uma fusão entre a empresa de Walter Faria e a operação dos holandeses no Brasil. Nesta genética feita de cevada e espuma, contrariando todas as previsões a Heineken seria a parte recessiva, ou seja, o sócio minoritário. Pela sua posição no mercado brasileiro, leia-se volume de vendas, número de fábricas e até mesmo valor intangível de suas marcas, caberia a  Petrópolis ser o gene dominante. As próprias circunstâncias do mercado deveriam empurrar as duas empresas nesta direção. Hoje, é muito difícil comprar a Petrópolis. Walter Faria goza de uma situação confortável. Tem levado vantagem na disputa particular com Kirin/Schincariol pelo segundo lugar do ranking do setor. Ao mesmo tempo, conseguiu imprimir um ritmo de expansão, leia-se, principalmente, a sucessiva construção de fábricas, que só valoriza o seu ativo. Ou seja: Faria pode esperar pela proposta das propostas das propostas. Não tem pressa. Muito menos a pressa que os holandeses têm. Gigante mundial do setor, a Heineken ainda joga como time pequeno no Brasil. Tem pouco mais de 5% de market share – menos da metade da participação da cervejeira brasileira. Sua operação por estas bandas resume-se praticamente a  Kaiser, o que não é exatamente o melhor dos cartões de visita. Agora mesmo os holandeses estão envolvidos em mais uma tentativa de reanimação da combalida marca, com ações que vão de financiamento para a expansão dos distribuidores a maiores investimentos nos pontos de venda. Por estas razões, a estranha espécie eventualmente criada a partir do cruzamento da Petrópolis com a Heineken poderia, por mais incrível que pareça, acomodar os interesses de parte a parte. Walter Faria permaneceria com o controle do negócio, como sempre foi seu desejo, com o bônus de ter um sócio de altíssimo teor financeiro ao seu lado. O acordo também funcionaria como uma operação cleaner, uma limpeza na imagem institucional da Petrópolis. A associação com a Heineken daria um verniz corporativo que a cervejeira brasileira nunca teve. Além disso, Faria ainda poderia tirar onda com o discurso de mais uma vitória da empresa privada nacional. Já a Heineken, ao mandar a lógica a s favas e se deixar engolir pela Petrópolis, daria um grande salto no Brasil. Praticamente triplicaria sua participação de mercado, com mais de 17%. Nada que ameace a liderança inconteste da AmBev. Mas a nova empresa se consolidaria como a vice-líder do setor, deixando os japoneses de Itu no meio da estrada, sob um colarinho de poeira. Os holandeses manteriam um acordo para garantir a distribuição de suas marcas em situação ainda mais vantajosa. Ao mesmo tempo, a Heineken preservaria sua estratégia geoeconômica de fincar bandeira nos mercados-baleia. Mas são tão diferentes as culturas e tantas idiossincrasias, que é mais provável que sobre muita espuma e pouca cerveja nesse copo.

Acervo RR

Alibaba e B2W aprontam um negócio da China com o Yahoo

28/12/2011
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De um lado, o maior conglomerado de comércio eletrônico da asia; do outro, a grande potência do setor no mercado brasileiro. A chinesa Alibaba e a B2W, controlada por Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, são fortes candidatas a um enlace cibernético. As duas empresas vêm mantendo conversações conduzidas por um banco de investimentos japonês. Uma das fontes que acompanha o negócio com lupa prevê que dessas tratativas poderá surgir uma das maiores empresas de comércio eletrônico do mundo. Através de uma operação de troca de ações entre si e da alavancagem de recursos em mercado, a dupla poderá partir para uma oferta pelo Yahoo. Parece algo extravagante até para Lemann e cia., mas diziam a mesma coisa por ocasião da fusão entre AmBev e Interbrew e, posteriormente, da compra da Anheuser-Busch. Jorge Paulo Lemann estaria disposto até a se tornar minoritário para participar de um dos maiores negócios do mundo da área de internet. Para se ter uma ideia das cifras envolvidas na operação, os valores de mercado do Yahoo e da Alibaba são, respectivamente, de US$ 18,5 bilhões e de US$ 32 bilhões. A B2W vale uma ninharia se comparada aos dois mastodontes, mas a capacidade de seus acionistas de alavancarem recursos em mercado não pode ser desprezada por nenhum concorrente. Além disso, a empresa tem um valor estratégico ainda imensurável. Ela serviria de porta de entrada da Alibaba no Brasil, mercado que os chineses consideram absolutamente prioritário para ampliar suas operações fora da asia. Essa aliança sino-brasileira poderia representar a ressurreição do Yahoo, hoje visto como o patinho feio do mercado mundial de internet em razão da forte perda de share. A nova companhia indexaria os dois principais mercados emergentes e poderia concorrer com os grandes nomes do setor, como Google e Facebook. Não obstante a B2W ser o menor elo de toda a cadeia, o impacto desta operação dentro da própria empresa tem tudo para ser grandioso. Até porque a holding controladora da Americanas. com, Submarino, Shoptime e Ingresso.com atravessa um momento nada festivo. A B2W se tornou sinônimo de mau atendimento ao consumidor. Seus notórios problemas logísticos para a entrega de mercadorias a transformou em campeã de reclamações em diversos Procons estaduais, com forte impacto sobre sua imagem institucional. Ao mesmo tempo, a empresa vive um período de vacas magras. Entre janeiro e setembro deste ano, acumulou um prejuízo de R$ 60 milhões, contra um lucro de R$ 47 milhões em igual período no ano passado. Em igual intervalo, seu faturamento ficou praticamente estagnado, passando de R$ 2,9 bilhões para R$ 3,05 bilhões. Parece um dote pequeno para entrar em um casamento portentoso. Mas o que conta é que o preço do Brasil ficou caro.

Acervo RR

Heineken mergulha no colarinho da Petrópolis

22/11/2011
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A espuma da venda da Schincariol para a Kirin nem sequer baixou e já há mais um negócio de alto teor alcoólico em fermentação no mercado cervejeiro. A Heineken partiu com toda a sede ao pote para a aquisição da Petrópolis, controlada pelo polêmico empresário Walter Faria. As conversações teriam sido deflagradas há cerca de um mês. A Heineken está disposta a comprar apenas metade do capital da Petrópolis, mantendo os outros 50% nas mãos de Faria. A rigor, ambos passariam a dividir o controle de uma holding ainda a ser criada – provisoriamente batizada pelos holandeses de -Cervejaria Brasil-. Todas as garrafas de Walter Faria, leia-se as marcas e as quatro fábricas da Petrópolis, seriam agrupadas neste novo engradado societário. Procurada pelo RR, a Heineken informou que -não comenta especulações de mercado-. Já a Petrópolis garantiu que -não tem qualquer intenção de negociar sua participação-. A fonte do RR, que acompanha a operação grudada a  mesa de negociações, crava um valor em torno de R$ 6,5 bilhões para a transferência de 50% da cervejeira da Região Serrana do Rio. A cifra já embute uma inflação no preço dos ativos do setor decorrente justamente da venda da Schincariol. Para efeito de comparação, trata-se de um valor próximo ao que a Kirin pagou por 100% da empresa. O eventual ágio na venda da Petrópolis tem duas fortes razões. Além de ser a segunda colocada do mercado, atrás apenas da AmBev, a empresa se tornou automaticamente a noiva mais cobiçada do setor após a venda da Schincariol. O modelo de negócio idealizado pela Heineken deve ser enxergado como uma maneira de contornar a resistência de Walter Faria a  venda integral da Petrópolis. O empresário tem a pretensão de se manter no negócio de braços dados com uma grande cervejeira internacional. No entanto, ao viver sob o mesmo teto com os holandeses, terá de se adequar a novos tempos. A Heineken inevitavelmente esquartejará a Petrópolis com o detalhismo de um anatomista. O bisturi certamente apontará para os sinuosos procedimentos da empresa – notadamente no que se refere a  sua engenharia fiscal, a s práticas trabalhistas e ao relacionamento com distribuidores. A compra da Petrópolis seria um passo fundamental para o crescimento da Heineken no Brasil. Somando-se a antiga operação da Femsa, comprada no início do ano, e a fabricante da Itaipava, os holandeses passariam a ter 19% de market share, mais do que o dobro da participação da Schin, em torno de 9%. No que depender do ímpeto da Heineken, esta diferença logo será ampliada. O grupo já sinalizou a Walter Faria o interesse em investir pesado para acelerar o plano de investimentos da Petrópolis, que prevê a construção de cinco fábricas.

Acervo RR

Starbucks é o segundo prato da -Lemann Foods-

14/11/2011
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Ao contrário do que dizia o velho Marx, a s vezes a história se repete, e não necessariamente sob a forma de farsa. A compra do Burger King foi apenas o hors d?oeuvre – ainda que dos mais calóricos. Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles pretendem transformar a aquisição da rede de fast food em ponto de partida para a montagem de um sortido cardápio de ativos no setor. Guardadas as devidas proporções, trata-se de um modelo de consolidação similar ao adotado pela tríade em alguns dos seus mais emblemáticos negócios. Foi assim com a Brahma, embrião da AmBev, e com a Americanas, onde estão penduradas diversas operações no comércio eletrônico. A ideia é enfeixar sob uma mesma holding outras marcas do varejo de alimentos, criando uma espécie de -Lemann Foods-. O modelo seguirá a mesma receita do Burger King, ou seja, a compra do controle global de empresas do setor. De acordo com a fonte do RR, que costuma acompanhar com microscópio cada passo de Lemann, Sicupira e Telles, o trio já está mapeando possibilidades de aquisição nos Estados Unidos, sede das grandes redes mundiais de fast food. Segundo a mesma fonte, neste momento quem mais desperta o apetite dos ex-Garantia é a Starbucks. Lemann e cia. enxergam enorme complementaridade entre a empresa e o Burger King. O trio vislumbra a possibilidade de misturar estes ingredientes na mesma cozinha e potencializar as sinergias entre as duas redes. Um quiosque da Starbucks dentro de uma lanchonete do Burger King, por exemplo, seria uma simbiose perfeita – as duas bandeiras se alimentariam mutuamente. Ao colocar ambas as companhias sob um só guarda- chuva, Lemann, Sicupira e Telles criariam um dos mais calóricos grupo do varejo de alimentos em todo o mundo. Juntos, Burger King e Starbucks somam mais de 29 mil lojas e um faturamento anual na casa dos US$ 13 bilhões. Uma eventual investida sobre a Starbucks exigirá da 3G, empresa que reúne os investimentos de Lemann, Sicupira e Telles, um esforço financeiro maior do que foi feito na aquisição do Burger King – US$ 3,2 bilhões. Embora o número de lojas não seja tão díspare – 17 mil da Starbucks, contra 12 mil do Burger King – o faturamento da rede de cafeterias é três vezes maior. A compra dependeria ainda de um acordo com Howard Schultz. O dono da Starbucks é visto nos Estados Unidos como um empresário duro de roer em qualquer negociação, mas, até aí, empatou com Lemann. Além do mais, olhando-se para o currículo do fundador do Garantia, isso não chega a ser um problema. Quando a AmBev associou-se a  Interbrew, a cervejaria belga era maior em diversos critérios – faturamento, valor de mercado e produção. No caso do Brasil, a compra da Starbucks valeria nem tanto pelo número de lojas, que somadas as 144 da Burger King chegaria a 172, mas principalmente pela qualidade dos pontos da rede de cafeteria, concentradas em shoppings e ruas de alto consumo, localizadas em São Paulo e Rio de Janeiro. Vale também que o a Starbucks está em negociação ou tem pré-contratos fechados de, pelo menos, mais 20 pontos nobres. De posse de rede tão extensa, a 3G conseguiria reduzir custos operacionais e usar as duas marcas para atrair negócios entre si, nos moldes do que tem feito o principal concorrente, McDonald?s, que lançou o McCafé, maior do que a Starbucks.

Acervo RR

Americanas arranha a fama de Lemann e cia.

10/10/2011
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Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcelo Telles estão discutindo o futuro de um de seus mais antigos e emblemáticos negócios: a Lojas Americanas. Não há meio termo sobre a mesa. O trio trabalha com duas hipóteses extremas: partir para um processo de consolidação capaz de aumentar a massa crítica e permitir a mudança do perfil operacional da rede varejista ou, então, entregar os pontos e vender a empresa. Diante da interrogação, os controladores da Lojas Americanas têm apenas uma certeza. Do jeito que está, a companhia não pode ficar. O modelo de operação das lojas físicas é considerado obsoleto e insustentável. Ao longo dos anos, a companhia tornouse um híbrido de supermercado, rede de eletroeletrônicos e loja de conveniência (leia-se a Americanas Express). É tudo sem ser nada. Para seus controladores, a empresa não consegue cumprir plenamente nenhum destes papéis. Há também uma crescente insatisfação com o sistema de gestão da Lojas Americanas. A tríade Lemann, Telles e Sicupira não consegue se enxergar na atual estrutura de administração da rede varejista. Na comparação com a AmBev, a Americanas mais parece um armarinho do Saara ou um armazém da Rua do Alho. Nos últimos meses, os acionistas majoritários da Americanas vêm se dedicando a  tarefa de dissecar a empresa e identificar suas principais fragilidades. Não obstante o aumento de 15% no lucro no primeiro semestre (R$ 105 milhões), têm encontrado mais defeitos do que virtudes. A compra da BlockBuster, por exemplo, não gerou as sinergias esperadas. A Americanas Express, formato que nasceu a partir das lojas da antiga locadora, está aquém da rentabilidade esperada. Lemann, Telles e Sicupira também estão preocupados com o descolamento entre a rede varejista e seu público tradicional. A percepção é de que a Americanas não conseguiu acompanhar as mudanças no perfil do consumidor brasileiro. As classes C e D, que sempre foram os pilares da companhia, têm buscado redes com um perfil mais sofisticado. Como se não bastassem os problemas inerentes a  sua própria operação, a Americanas ainda tem de carregar sobre as costas o peso da B2W, sua controlada. A empresa, que engloba os sites Americanas. com, Submarino, Shoptime e Ingresso.com, transformou- se na Geni do comércio eletrônico. As pedras vêm de todos os lados, notadamente dos clientes e dos investidores. A empresa virou benchmarking de maus-tratos ao consumidor e um fenômeno dos Procons de todo o Brasil. Em São Paulo, a média mensal estaria na casa das 300 reclamações. A antipatia em relação a  empresa não se resume aos consumidores. Passa também pelas Bolsas. Neste ano, sua ação caiu mais de 55%. Na comparação com janeiro de 2010, a derrocada chega a 70%. Tanta ojeriza ao papel não chega a surpreender. No ano passado, o lucro da B2W caiu a  metade. No primeiro semestre deste ano, ela teve um prejuízo de R$ 22 milhões, contra um ganho de R$ 32 milhões em igual período em 2010. A depreciação do ativo é algo que dói fundo em financistas da estirpe de Lemann, Telles e Sicupira. Desde 2007, quando a B2W passou a ser negociada na Bovespa, seu valor de mercado caiu de R$ 13 bilhões para aproximadamente R$ 2,2 bilhões. Este desempenho só alimenta ainda mais as dúvidas da trinca de investidores quanto ao futuro da Americanas. Dos bons e velhos tempos, não sobrou nem o cachorro quente.

Acervo RR

Agrenco na mira da Glencore e do Noble Group

14/06/2011
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O lento processo de soerguimento da Agrenco terá novos e importantes capítulos nas próximas semanas. Além da venda de uma participação minoritária para o fundo Global Emerging Markets, que representará um aporte de até R$ 180 milhões ? ver RR ? Negócios & Finanças nº 4.093 ?, a empresa está de portas abertas para a entrada de um novo acionista. Os controladores da Agrenco, a  frente Antonio Iafelice, procuram um sócio estratégico. As negociações com a Glencore, que, há três anos, quase comprou o controle da empresa, foram retomadas. Há conversas também com o Noble Group, de Hong Kong, que tem negócios no Brasil nas áreas de soja, açúcar e álcool e mineração. Nos dois casos, a compra de uma fatia no capital da Agrenco está condicionada a  retomada das atividades industriais, notadamente a fábrica de biodiesel de Alto Araguaia (MT). Paralelamente a  procura por um novo sócio, os controladores da Agrenco preparam mudanças na gestão da companhia. A prioridade é a contratação de um novo CEO. Um dos nomes cotados é o de Guilherme Laager, ex-Vale, Varig e AmBev. A empresa vai buscar também um diretor financeiro. Entre os candidatos está Paulo Penido Pinto Marques, que deixou a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na semana passada.

Acervo RR

Lemann é o intruso entre Carrefour e Pão de Açúcar

25/05/2011
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Se furar a bola que está sendo jogada por Carrefour, Abílio Diniz e Casino, já existe um candidato se articulando nos bastidores para a compra dos ativos da rede francesa no Brasil. A fera atende por Jorge Paulo Lemann, que já teria dado mandato a  Goldman Sachs para estudar a operação. Lemann, nesse caso, surge como regra três, porque a preferência, no momento, é da dupla Abílio e Casino. Ainda assim, não faltam bons motivos para que o investidor entre na parada. Existem sinergias indiscutíveis com a rede de varejo do empresário, quer seja a Lojas Americanas, quer seja a operação pontocom (Submarino, Americanas. com e Shoptime). A Americanas seria, inclusive, repaginada para uma adequação a  mega-operação do Carrefour. Na condição de dono de cervejeira, para Lemann também não seria nada mau ter um ponto de venda desta magnitude. Não faltariam possibilidades de acordo com a AmBev, notadamente na área de logística. A pretensão do mais incensado financista do Brasil, no entanto, esbarra nas ambições do mais vaidoso supermercadista do planeta. O principal entusiasta da fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour é Abílio Diniz, que quer experimentar o gostinho de ser monopolista antes de entregar o bastão do grupo aos franceses. Como é sabido, o Casino, que já é acionista majoritário do Pão de Açúcar, terá o controle absoluto do capital em alguns anos, conforme reza o acordo societário existente entre ambos. Abílio parece querer, além da remuneração acertada, uma cadeira no Conselho de Administração do Carrefour. Só ficaria faltando uma medalha da Légion d?Honneur. Existem óbvias vantagens na associação entre as duas maiores redes de supermercados e hipermercados do Brasil A maior delas é a ditadura da escala. Vai ser difícil encontrar outro supermercado para comprar qualquer coisa. As operações de trade também favorecerão imensamente a formação de preços do novo monstro, sobretudo no comércio internacional com a França. A combinação entre a experiência e a união de dois dos maiores compradores do mercado europeu e a fome consumista no varejo nacional permite antever uma capacidade de arbitragem de preço nunca antes vista na história deste país. Do outro lado da balança, pesam as diferenças de cultura (no caso do Carrefour engolir Abílio Diniz) e a superposição de pontos de venda. Ou seja: em um governo que quase foi a  histeria com a demissão de três mil funcionários da Vale, qual seria a reação em assistir a  inexorável degola de milhares e milhares de empregados do Carrefour e do Pão de Açúcar? Há ainda o fator Cade. A fusão entre as duas empresas daria origem a um grupo com receita anual de R$ 66 bilhões, ou um terço das vendas do setor supermercadista no Brasil. Do ponto de vista da concentração de mercado, a compra dos ativos do Carrefour por Jorge Paulo Lemann seria muito mais palatável para os órgãos antitruste. Somando-se o faturamento dos franceses no país com as vendas das Lojas Americanas e da B2W, que reúne as operações de comércio eletrônico de Lemann, a cifra chegaria a R$ 43 bilhões. Outra razão menos explicitada contrária a  fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour é que o domínio hegemônico do capital estrangeiro em um setor no tradable representaria uma sangria crescente de divisas em um dos segmentos da economia com maior potencial de expansão. O setor supermercadista brasileiro se tornaria uma espécie de colônia da França.

Acervo RR

Tribuna

10/11/2010
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Da série “Missão Impossível”, cardeais do PSDB e do DEM conversam freneticamente sobre uma AmBev dos partidos políticos.

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