O rating dos cenários pós-Odebrecht e Andrade

  • 22/06/2015
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Os fatos da última sexta-feira já pertencem ao Google – o guardião do passado de tudo e de todos. A questão é o porvir. Potencialmente, quais são as consequências mais graves dos acontecimentos que chocalharam todas as grandes empreiteiras e estressaram as expectativas em relação ao destino nacional? O Relatório Reservado se veste de agência de rating e se propõe a classificar o risco de cenários possíveis. Quanto maior a nota maior a probabilidade da ocorrência. Em alguns dos casos, oxalá o RR incorpore para valer esses oráculos e erre o máximo possível. * A Lava Jato esterilizou os grandes grupos nacionais, historicamente, os grandes investidores em infraestrutura. O cenário é de terra arrasada. Sem saída, o governo cancela todos os leilões. Rating: CCC- * Diante das circunstâncias, o governo salva o que é possível dos leilões de infraestrutura, recorrendo a empreiteiras do segundo grupo e a empresas estrangeiras. Temos um plano de concessões padrão “banco de reserva”. É o que dá para o momento. Rating: BBB+ * A paralisia das grandes empreiteiras afeta não apenas as futuras concessões, mas também as obras já em andamento. Os pagamentos atrasam; tratores param e operários cruzam os braços a  beira de estradas que começam, mas não terminam! Rating: BB+ * A discussão volta a  baila com força total: até quando o governo assistirá, inerte, a  débâcle de um setor que responde por 7% do PIB e por oito milhões de empregos? A indústria da construção pesada não é grande demais para quebrar? Rating: AAA+ * O setor de construção pesada enverga, mas não quebra e volta a sua normalidade, afinal o capital, uma vez mutilado, se regenera como os répteis. Rating: DDD- ? Todos se dão conta de que, para o bem do próprio Brasil, é preciso conter esse macarthismo “tucano-juridicano”. O caso sai da esfera jurídica e um grande pacto político-institucional surge a  mesa: as grandes empreiteiras assinam um acordo de leniência coletiva, purgam seus excessos e voltam ao game. Rating: CC * A seleção natural entra em cena: grandes empreiteiras quebram e levam consigo toda uma cadeia de fornecedores. Algumas espécies se transmutam e sobrevivem por meio de fusões. Concentração de mercado em estado puro, com o que ela tem de mais cruel: perda da competitividade e desemprego. Rating: B * Cresce a percepção de insegurança no que diz respeito a s relações de parceria no Brasil. Afinal, ser preso torna-se um fato comum, que pode acontecer a qualquer momento. A gringalhada, que não é boba, se retrai. O investimento direto estrangeiro despenca. Rating: BB+ * O cerco se fecha; peças da Operação 2018 se juntam num quebra cabeças de encaixes marcados. A Lava Jato, enfim, cumpre seu desígnio e chega ao cume do Everest: Lula está na cadeia. Rating: A+ Obs: Se alguém perguntar, não confirmamos essa nota. * Um dos mais populares líderes políticos da história do Brasil está preso. O tecido social se esgarça rapidamente e o risco de ruptura é iminente. As tensões de classe chegam a níveis intoleráveis, levando a um quadro de conflagração política e social. O asfalto ferve e o RR pergunta: e o ajuste fiscal? Rating: b+ (a mais paradoxal nota do rating, tão alta quanto minúscula e acanhada).

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