Herdeiros da CR Almeida não falam a mesma língua

  • 2/02/2015
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A CR Almeida está parecendo uma versão paranaense da OAS, que vive um inferno astral e vê sua imagem ser desmanchada pelo escândalo do “Petrolão”. Ela tem sofrido as dores de ser incluída entre os suspeitos de envolvimento em irregularidades na construção da linha 5 do Metrô de São Paulo. Além disso, padece com as brigas de poder entre os filhos do fundador do grupo, Cecílio do Rego Almeida, perda de parceiro e fracasso em licitações de rodovias e aeroportos. A derrota do filho caçula de Cecílio, Marcelo Almeida, na disputa recente por uma vaga ao Senado pelo Paraná apenas agravou os problemas. Marcelo esteve bastante afastado dos assuntos do grupo por quase um ano em função da disputa eleitoral. Encerrada a campanha, voltou com carga total. Se por um lado, o seu entusiasmo é motivador; por outro, desagrega. Ele tem medido forças na companhia com o irmão César e com o cunhado Marco Antônio Cassou, conselheiros da CR Almeida. Os argumentos e planos do filho caçula de Cecílio para retomar o comando cabem em uma plataforma eleitoral. Ele defende que a construtora precisa de uma nova estratégia e de um choque de gestão para sair do ostracismo e ocupar novamente espaço no cenário nacional. O primeiro passo seria encontrar um parceiro que ocupe o vazio deixado pela Impregilo, ex-sócia na EcoRodovias, e pela Invepar, que fez parte do consórcio derrotado na licitação do Galeão. Marcelo sonha em atrair um grupo internacional para marchar junto. Abriu, por conta própria, negociações com a espanhola ACS, um dos maiores grupos de construção no mundo, interessado em surfar na onda do enfraquecimento de grandes construtoras nacionais por causa do “Petrolão”. O difícil será Marcelo avançar nas negociações sem antes acertar os ponteiros com César, que leva alguns corpos de vantagem porque conta com o apoio dos outros três irmãos. Além disso, enquanto Marcelo buscava votos para a sua candidatura ao Senado, César, junto com Cassou, se movimentou a  vontade no comando do grupo, deixando o campo minado para a volta do caçula. A disputa fratricida permanece, e qualquer resultado aparenta ser menos favorável aos interesses da companhia, pois, com toda a certeza, dividirá ainda mais o clã dos Almeida. Consultada, a CR Almeida afirmou não ter “disputas de poder”, mas apenas “diferenças de visão estratégica”.

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