Agroceres cultiva uma conveniente solidão societária

  • 23/06/2014
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 São insondáveis os caminhos percorridos pela Agroceres. Os próprios executivos da fabricante de sementes se perguntam o que está por trás dos frenéticos movimentos em curso na companhia. Em fevereiro deste ano, a empresa comprou os 50% restantes da produtora de palmito Inaceres, que pertenciam a  equatoriana Inaexpo. Neste momento, negocia a aquisição do controle integral da Agroceres PIC – 49% da companhia especializada em genética suína estão nas mãos da britânica Pig Improvement Company (PIC). Esta operação é ainda mais emblemática: os dois grupos são sócios há quase 40 anos e recentemente fecharam a compra da empresa de biotecnologia Génétiporc Internacional. A princípio, a temporada de aquisições da Agroceres poderia sugerir uma forte política expansionista. No entanto, na própria companhia as apostas vão na direção contrária, algo na linha do “comprar para vender”. A família Bittencourt, proprietária da Agroceres, estaria preparando o terreno para a posterior negociação do grupo. A aquisição das participações alheias seria uma forma de evitar que eventuais arestas societárias pudessem a atrapalhar a transferência do controle. Até porque, no que diz respeito a atritos societários, já bastam os desentendimentos entre os próprios integrantes da família Bittencourt. A Agroceres é uma empresa marcada por uma tragédia familiar. É impossível falar da companhia e de seus acionistas sem citar a perda do empresário Ney Bittencourt de Araújo, encontrado morto em seu apartamento em 1996. Na ocasião, um de seus filhos chegou a ser suspeito de assassinar o pai. O clã conseguiu superar o trauma e aprumar a gestão do grupo. Tanto conseguiu que a Agroceres, dona de um faturamento anual na casa de R$ 1 bilhão, é cobiçada por alguns dos grandes players mundiais da área de agrotecnologia. A Basf e a suíça Syngenta acompanham com lupa cada movimento feito pelos controladores da companhia. Recentemente, os herdeiros de Ney de Araújo chegaram a flertar com a ideia de IPO da Agroceres, mas recuaram diante das condições adversas do mercado. Segundo interlocutores da família, entre as incógnitas que cercam o futuro da companhia, existe uma certeza: a venda do controle deixou de ser um tabu, como era nos tempos do saudoso Ney Bittencourt de Araújo.

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