A Petrobras e o inevitável estupro

  • 30/04/2014
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Quem disse que somente as pessoas físicas são torturadas e o anfiteatro da ignomínia está restrito aos porões da ditadura. A Petrobras está sendo seviciada em pleno exercício da democracia. Nos últimos 10 dias, o noticiário que achincalha a estatal dividiu-se da seguinte maneira: 32% de inserções ou citações sobre os diretores da estatal envolvidos diretamente com o “mau” negócio de Passadena ou com seu doleiro predileto; e 68% enxovalhando a Petrobras. O movimento dessa gangorra na mídia, onde as eventuais malfeitorias na compra da refinaria se tornariam aos poucos um ataque generalizado a  empresa, foi previsto pelo RR edição 4847.O objetivo óbvio é a associação das gestões da Petrobras nos governos Lula e Dilma com a dilapidação da companhia e queima da riqueza nacional. Entre o objetivo eleitoral e a destruição da imagem corporativa existe um hímen delicado, cujo rompimento pode contaminar a própria imagem do país no exterior. Com a iminência de uma CPI da Petrobras, a estatal está a  beira do precipício. Todos os documentos apreciados em reuniões do Conselho estarão a  disposição, legalmente ou por vazamento, dos parlamentares com interesses adicionais ao da legítima apuração dos fatos. Aliás, de posse dos documentos, os fatos passarão a existir, pois basta que os papéis sejam esmiuçados para ganarem vida própria. Não existe empresa desse porte no país, e estamos falando na Vale, Odebrecht, Usiminas, Votorantim e todos as demais, que não tenham realizado “maus” negócios, que no momento da sua decisão eram considerados “bons” negócios. A interpretação viciada é o combustível que destrói reputações. A bola da vez, segundo informações que chegaram ao RR, é o Comperj. Em breve surgirão dúvidas sobre a formação de preço do projeto e os gastos na sua implementação. É dramático, mas a Petrobras está aprisionada em um Gulag psicossocial. Todos os brasileiros irão pagar por isso.

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