Chineses fincam raiz nos canaviais da Usinas Itamarati

  • 24/04/2014
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Está em curso uma nova tentativa de soerguimento da Usinas Itamarati – empresa fundada pelo outrora “Rei da Soja”, Olacyr de Moraes, posteriormente apeado a fórceps do comando do negócio pela própria filha, Ana Claudia de Moraes. A esperança vem do Oriente. Ana Claudia negocia a venda de uma participação da sucroalcooleira para a China National Heavy Machiney Corporation (CHMC). Um dos maiores fabricantes de etanol a base de milho da asia, o grupo chinês pretende produzir o biocombustível também a partir da cana de açúcar. O Brasil é o eixo desta estratégia. A CHMC usaria a Itamarati como base para os seus investimentos no país. Mas por que escolher uma empresa que, há anos, convive com problemas de gestão e notórias dificuldades de caixa e ainda carrega sobre os ombros uma dívida de quase R$ 2 bilhões? Talvez, aos olhos dos chineses, a extrema fragilidade da Itamarati seja exatamente o seu grande atrativo. A empresa surge como um alvo vulnerável e pouco dispendioso – aliás, a própria estiagem da indústria sucroalcooleira nacional como um todo torna o momento mais do que propício para a investida. Ressalte-se ainda que parte do pagamento aos acionistas da Itamarati poderá ser feito mediante a garantia firme de compra de uma parte da produção por um determinado período. Mas é claro que os asiáticos não escolhem o pão pelo seu bolor. A CHMC fareja centeio de boa qualidade na Itamarati, a começar por uma questão tecnológica que pode fazer toda a diferença: os asiáticos já teriam constatado a viabilidade de converter parte da usina de Nova Olímpia (MT) para produzir também etanol a  base de milho – hipótese considerada pelo grupo para dar massa crítica ao negócio. Some-se ainda o fator logístico. O Mato Grosso é o estado brasileiro que mais fornece alimentos para a China, o que pressupõe uma estrutura de distribuição já bem azeitada. De quebra, os asiáticos vislumbram a possibilidade de aproveitar sua presença na Itamarati como trampolim para a venda de equipamentos a  própria usina e a terceiros no Brasil – como o nome sugere, a China National Heavy Machiney é uma das grandes fabricantes de maquinários pesados da asia. Nos últimos anos, Ana Claudia dividiu-se basicamente entre duas missões: brecar as tentativas do pai de retomar o comando da Itamarati – hoje, o próprio Olacyr de Moraes desistiu da ideia – e buscar um remédio para as moléstias financeiras da empresa. De 2012 para cá, Ana Claudia chegou a flertar com a ideia de uma recuperação judicial, que ganhou corpo, sobretudo, após as frustradas negociações com a Cosan. Agora, aposta suas fichas – que não são muitas – na CHMC.

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